Eliminação do Botafogo na Libertadores provoca sensações terríveis

Eliminação do Botafogo na Libertadores provoca sensações terríveis

Glorioso dispõe de poucas horas para lamber as feridas de uma queda constrangedora. Dói ver um campeão continental sem rumo

Nada supera a decepção com o Botafogo na derrota para a LDU por 2 a 0, score que marca a eliminação do time alvinegro nas oitavas de final da Copa Libertadores, na última quinta-feira (21), no Estádio Rodrigo Paz Delgado. Parece que os jogadores do Glorioso ingressaram em uma máquina do tempo e retornaram à Filadélfia (EUA), onde perderam para o Palmeiras por 1 a 0, no Mundial de Clubes da Fifa. Mesmo roteiro: três volantes, escassez de ideias ofensivas, apatia e iniciativa somente quando tudo estava perdido. Um revés que provoca sensações terríveis, como luto e, sobretudo, angústia em relação ao futuro, principalmente quando a instituição depende de decisões jurídicas para saber como será o amanhã. Dói muito ver um campeão sem rumo. Os jornalistas equatorianos, presentes no Casa Blanca, aliás, não reconheciam o Mais Tradicional e questionavam se era mesmo o dono da taça que estava ali. “Papelão”, definiu um repórter ao lado da equipe de reportagem do Jogada10.

A conta chegou em Quito

O tema do planejamento já se tornou repetitivo, assim como a arrogância com a qual o clube (leia-se John Textor) tratou a temporada. Mas a queda é um retrato fidedigno de 2025: decisões equivocadas, dinheiro despejado em contratações inexplicáveis, mudança de perfil do plantel, remontagem do elenco na metade do Campeonato Brasileiro e rompimento com 2024. O ano do Botafogo começa, então, agora, no fim de agosto, em São Januário. Sim, a bomba poderia explodir em Bragança Paulista. Causou os seus estragos duas semanas depois, em Quito. No fim das contas, a tendência era a conta chegar em um momento-chave. Que o efeito desta pancada não respingue na Copa do Brasil, o grande trunfo para minimizar o desastre desta eliminatória da Libertadores e os deslizes esportivos da SAF.

Teoria x prática

Marçal, na prévia do segundo confronto contra os equatorianos, sentenciou ao J10 que era impossível a equipe jogar tão mal quanto na ida, no magro 1 a 0 a favor do Botafogo, no Nilton Santos. Porém, nada é tão ruim que não possa piorar, reza o ditado popular. E o diagnóstico do zagueiro era compreensível. Afinal, era difícil prever que o time teria um desempenho coletivo tão indecente na capital equatoriana. Este reles colunista, por exemplo, acreditou no elenco e no corpo técnico, mesmo com todos os sinais que a equipe apresentava. Largou a mão dos pessimistas e mostrou que o Alvinegro contava chances concretas de voltar para casa com a vaga nas quartas de final na bagagem. Havia indícios. O principal deles o fato de o Glorioso, na teoria, ser superior a uma limitada LDU. O técnico Davide Ancelotti trabalha com atletas de alto nível. Na prática, contudo, o plano do adversário sempre foi mais eficaz.

Botafogo não competiu

Antes de tudo, a altitude não é muleta. O ar rarefeito existe desde o Big Bang ou quando Deus colocou a mão na massa para criar o mundo. Os 2.850 metros acima do nível do mar influenciam em campo, mas inúmeros times que visitaram a capital do Equador exibiram uma postura mais digna. O Botafogo não apresentou nada. Poucas vezes trocou passes em sequência. Marlon Freitas, no 1 a 0, observou o lance enquanto seus companheiros se matavam com carrinhos. Depois, ainda cometeu um pênalti infantil. Allan pecou em tudo. Savarino, pobrecito, precisou se virar em ligações diretas contra dois armários. A defesa da LDU, em casa, não é a do Bragantino para o venezuelano performar de falso 9. Danilo, jogador de Seleção Brasileira, caiu vertiginosamente nos últimos encontros. E Ancelottinho, por fim, demorou uma eternidade para mexer. Uma noite de pesadelo no Casa Blanca.

Pressionado, o Botafogo dispõe de poucas horas para lamber as feridas desta melancólica despedida da Copa Libertadores. Contra o Juventude, neste domingo (24), em Caxias do Sul, saberemos se o time de 2025 é capaz de dar uma resposta imediata à frustração e recolocar as coisas no eixo. A temporada não acabou. Outros grandes desafios aparecem no cronograma do Glorioso. Mas a situação é delicada, e as tempestades se anunciam.

*Esta coluna não reflete, necessariamente, a opinião do Jogada10.

Siga nosso conteúdo nas redes sociais: Bluesky, ThreadsTwitter, Instagram e Facebook.

 

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar