Lula não deveria disputar reeleição por 'idade avançada' e políticas econômicas 'medíocres', diz Economist
Agência BBC

Lula não deveria disputar reeleição por 'idade avançada' e políticas econômicas 'medíocres', diz Economist

Para revista, apesar de talento político, é arriscado reeleger presidente por causa de sua idade avançada.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, gesticula durante a cerimônia em Foz do Iguaçu. Ele usa camisa aul e boné preto
Getty Images
Para revista, apesar de talento político, é arriscado reeleger Lula por causa de sua idade avançada

Um texto publicado no site da revista The Economist nesta terça-feira (30/12), afirma que o presidente Lula não deveria concorrer às eleições presidenciais novamente. Um dos motivos apontados é sua idade avançada — 80 anos.

"Lula tem 80 anos. Apesar de todo o seu talento político, é simplesmente muito arriscado para o Brasil ter alguém tão idoso no poder por mais quatro anos. O carisma não é um escudo contra o declínio cognitivo", diz a publicação.

A revista compara Lula ao ex-presidente americano Joe Biden, que também foi criticado por sua idade quando concorreu à eleição presidencial em 2024, com 81 anos.

"Lula é apenas um ano mais novo do que Joe Biden era no mesmo momento do ciclo eleitoral de 2024 nos Estados Unidos, e isso terminou de forma desastrosa", diz a revista.

A publicação diz que "ele [Lula] parece estar em muito melhor forma do que Biden", mas lembra que Lula já teve problemas de saúde.

"Em dezembro de 2024, ele precisou de uma cirurgia no cérebro para estancar um sangramento interno após escorregar no banheiro e bater a cabeça. Se cumprir outro mandato completo, ele terá 85 anos antes de se aposentar."

A The Economist resgatou a disputa entre o presidente americano Donald Trump e Lula ao longo de 2025 e o impacto disso para as eleições no ano que vem.

"O Brasil prendeu um ex-presidente, Jair Bolsonaro, por conspirar um golpe. O presidente Donald Trump alegou, falsamente, que se tratava de uma armação e impôs pesadas tarifas punitivas sobre produtos brasileiros. O presidente de esquerda do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, enfrentou Trump e o convenceu a recuar em grande parte. Lula, como é conhecido, está agora em uma posição forte para ganhar a reeleição em outubro."

Para a The Economist, um quarto mandato faria de Lula "o político mais bem-sucedido da era democrática moderna do Brasil, que começou após o fim do regime militar em 1985 e que Bolsonaro tentou restringir."

Para a publicação, brasileiros tiveram motivos para celebrar a sobrevivência da democracia, mas "merecem escolhas melhores."

'Política econômica medíocre' e 'escândalos de corrupção'

O texto da The Economist também afirma que Lula carrega o peso de "escândalos de corrupção que ocorreram durante seus dois primeiros mandatos, pelos quais muitos brasileiros não conseguem perdoá-lo."

Outra crítica da revista é sobre a economia: "Embora a economia brasileira tenha crescido surpreendentemente rápido nos últimos anos, as políticas econômicas de Lula são medíocres. Elas se concentram principalmente em políticas de transferência de renda aos pobres, com medidas de aumento de receita [arrecadação de impostos] cada vez menos favoráveis às empresas, embora ele também tenha agradado aos empregadores com uma reforma para simplificar os impostos."

A publicação diz que apesar desses problemas, Lula ainda não tem um substituto competitivo vindo do centro ou da esquerda. Neste ponto, Biden é trazido novamente como comparação.

"Assim como Biden, ele [Lula] não fez quase nada para preparar um sucessor. O nome de seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi cogitado, mas ele acabou sendo preterido por ser considerado muito intelectual. (Haddad concorreu em 2018, mas foi derrotado pela campanha populista e agressiva de Bolsonaro.) Alguns jovens prefeitos de outros partidos de esquerda e de centro têm algum apoio, mas não o suficiente para tirar Lula do caminho."

Para a The Economist, Lula "prestaria um favor ao seu país e poliria seu legado" caso não se candidate à reeleição.

"Isso daria tempo para uma disputa adequada para encontrar um novo campeão da centro-esquerda", diz a revista.

Revista diz que Tarcísio é o candidato mais destacado para suceder Bolsonaro na direita

A The Economist diz que, à direita, "há uma disputa acirrada para suceder o desacreditado Bolsonaro, que cumpre pena de 27 anos de prisão, mas ainda conta com um número surpreendente de apoiadores, especialmente entre os cristãos evangélicos."

A revista lembra que ele escolheu seu filho mais velho e senador, Flávio, para concorrer à presidência em seu lugar, mas avalia que "Flávio é impopular, ineficaz e quase certamente perderia uma disputa contra Lula."

Destaca, em seguida, que há outros candidatos de olho na disputa, "incluindo alguns governadores estaduais competentes."

"O mais proeminente deles é Tarcísio de Freitas, governador conservador de São Paulo. Freitas já tem uma vantagem ligeiramente maior nas pesquisas contra Lula do que Flávio, apesar de não estar oficialmente concorrendo e se recusar a dizer se o fará", diz o texto.

A revista diz que Bolsonaro ainda pode perceber que o filho não tem chances e então transferir apoio a Tarcísio.

"De qualquer forma, Freitas deveria ter a coragem de entrar na disputa. Ao contrário dos Bolsonaro, ele é ponderado e democrata. Ao contrário de Lula, ele tem apenas 50 anos", avalia a revista.

A The Economist diz que, em 2026, a democracia precisa de uma "disputa genuína entre candidatos novos e viáveis."

Admite, no entanto, que é improvável que Lula desista da candidatura e sugere que, talvez, os partidos de direita possam se organizar.

"Se forem sensatos, abandonarão Flávio e se unirão em torno de um candidato que possa superar a polarização dos anos Lula-Bolsonaro", diz o texto. "Uma figura de centro-direita que reduza a burocracia, mas não as florestas, seja dura com o crime, mas não desconsidere as liberdades civis, e respeite o Estado de Direito, poderia tanto vencer quanto governar bem."

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