Menina de 10 anos, 2 rabinos, sobrevivente do Holocausto: quem eram as vítimas de atirador na Austrália
Agência BBC

Menina de 10 anos, 2 rabinos, sobrevivente do Holocausto: quem eram as vítimas de atirador na Austrália

Uma menina de 10 anos, dois rabinos e um sobrevivente do Holocausto são algumas das pelo menos 15 vítimas do ataque a tiros ocorrido em Sydney, na Austrália, no domingo (14/12). Aqui está o que se sabe sobre eles.

Peter Meagher, Matilda e o rabino Eli Schlanger
BBC
Peter Meagher, Matilda e o rabino Eli Schlanger

Pelo menos 15 pessoas tiveram sua morte confirmada no ataque a tiros ocorrido no domingo (15/12), na praia de Bondi, em Sydney, na Austrália.

Muitas dessas pessoas assistiam a um evento comemorativo do primeiro dia do festival judaico do Hanukkah. As autoridades confirmaram que, entre as vítimas, encontravam-se dois rabinos, um sobrevivente do Holocausto e uma menina de 10 anos.

Aqui está o que sabemos até o momento sobre as vítimas já identificadas.

Matilda, 10 anos

Matilda sorri para a câmera ao ar livre
BBC
Matilda, de 10 anos, foi descrita como uma menina brilhante e alegre

As autoridades australianas confirmaram que uma menina de 10 anos, identificada como Matilda por sua família para a imprensa local, é uma das vítimas.

Irina Goodhew organizou uma coleta de fundos para a mãe da menina. Ela declarou ser ex-professora da criança.

"Eu a conhecia como uma menina brilhante, alegre e cheia de energia, que iluminava a todos ao seu redor", descreveu Goodhew.

A Escola Russa Harmony de Sydney confirmou que Matilda era uma de suas alunas.

"Ficamos profundamente entristecidos por informar que uma ex-aluna da nossa escola faleceu no hospital, devido às feridas causadas por um disparo", escreveu a escola no Facebook.

"Nossos pensamentos e mais sentidos pêsames para a sua família, seus amigos e para todas as pessoas atingidas por este trágico incidente... Sua lembrança permanecerá em nossos corações e honramos sua vida e o tempo que ela passou fazendo parte da nossa família escolar."

Sua tia declarou à rede de TV pública australiana ABC News que a irmã de Matilda estava com ela no momento do disparo. Ela luta para assimilar a perda.

"Eram como gêmeas, nunca se separavam", contou ela à ABC.

Rabino Eli Schlanger

Eli Schlanger
Gentileza
Eli Schlanger era conhecido como o rabino de Bondi

Conhecido como o "rabino de Bondi", Eli Schlanger, de 41 anos, foi um dos principais organizadores do evento de domingo (14/12).

Ele dirigia a missão local da organização judaica chassídica internacional Chabad, com sede no Brooklyn, em Nova York (Estados Unidos).

Nascido no Reino Unido, Schlanger era pai de cinco filhos. Sua morte foi confirmada por seu primo, o também rabino Zalman Lewis.

"Meu querido primo, o rabino Eli Schlanger, @bondirabbi, foi assassinado no ataque terrorista de hoje em Sydney", escreveu Lewis no Instagram. "Ele deixa para trás sua esposa e filhos pequenos, além do meu tio, minha tia e meus irmãos... Era realmente uma pessoa incrível."

Em uma publicação no seu website, a Chabad destacou que o filho menor de Schlanger tem apenas dois meses de idade.

"Era o ser humano mais piedoso, humano, amável e generoso que acredito ter conhecido", declarou à imprensa em Bondi na manhã de segunda-feira (15/12) Alex Ryvchin, do Conselho Executivo do Judaísmo da Austrália.

Dan Elkayam

Dan Elkayam
Rockdale Ilinden FC
O clube Rockdale Ilinden FC descreveu Dan Elkayam como uma 'figura extremamente talentosa e popular'

O ministro de Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, confirmou a morte do cidadão francês Dan Elkayam.

"Com imensa tristeza, tomamos conhecimento de que nosso compatriota Dan Elkayam está entre as vítimas do atentado terrorista que afetou famílias judias reunidas na praia de Bondi, em Sydney", escreveu o ministro nas redes sociais.

"Lamentamos com sua família e seus entes queridos, ao lado da comunidade judaica e do povo australiano."

Seu perfil no LinkedIn destaca que Elkayam trabalhava como analista de TI para a NBC Universal e se mudou para a Austrália no ano passado.

Ele também era apaixonado por futebol e "membro fundamental da nossa equipe da Premier League", escreveu o Rockdale Ilinden Football Club, do oeste de Sydney, na sua página no Facebook.

Elkayam era "uma figura extremamente talentosa e popular entre seus colegas", segundo o clube australiano. "Nossas mais profundas e sinceras condolências para a família, amigos e todos os que o conheceram. Sentiremos sua falta."

Duas mulheres se consolam enquanto observam as flores deixadas em homenagem às vítimas do ataque a tiros de domingo (14/12/2025) na praia de Bondi em Sydney, na Austrália
AFP via Getty Images

Alexander Kleytman

Alexander Kleytman era sobrevivente do Holocausto, que chegou da Ucrânia para a Austrália.

"Não tenho marido. Não sei onde está seu corpo. Ninguém consegue me dar uma resposta", declarou à imprensa sua esposa, Larisa Kleytman, no lado de fora de um hospital de Sydney, no domingo à noite.

"Estávamos de pé e, de repente, ouviu-se um bum bum e todos se deitaram no chão", contou ela ao jornal The Australian.

"Naquele momento, ele estava atrás de mim e, no momento seguinte, decidiu se aproximar. Ele empurrou seu corpo para cima porque queria ficar perto de mim."

A Chabad escreveu no X, antigo Twitter, que Alexander "morreu protegendo a esposa das balas do pistoleiro. Além dela, ele deixa dois filhos e 11 netos."

O casal compartilhou parte da sua história de vida com a organização de saúde Jewish Care em 2023.

"Quando crianças, Larissa e Alexander enfrentaram o horror indescritível do Holocausto", escreveu a organização no seu relatório anual.

"As lembranças de Alex são particularmente dolorosas. Elas incluem as terríveis condições da Sibéria, onde ele, com sua mãe e seu irmão menor, lutaram para sobreviver."

Peter Meagher

Peter Meagher
Randwick Rugby Club
Peter Meagher foi relembrado como 'uma das figuras mais importantes' do seu clube de rugby

O ex-oficial de polícia Peter Meagher trabalhava como fotógrafo independente no evento comemorativo do Hanukkah quando foi assassinado, segundo seu clube de rugby.

"Para ele, foi simplesmente uma catástrofe: ele estava no lugar errado, no momento errado", escreveu o gerente-geral do Clube de Rugby Randwick, Mark Harrison, no website da agremiação.

"Marzo, como era conhecido por todos, era uma figura muito querida e uma verdadeira lenda no nosso clube. Com décadas de participação voluntária, era uma das figuras mais importantes do Randwick Rugby."

O clube contou que ele passou quase quatro décadas na Força Policial do Estado australiano de Nova Gales do Sul, onde era "muito respeitado por seus colegas".

"A trágica ironia é que, depois de passar tanto tempo na perigosa linha de frente como oficial de polícia, ele foi morto na sua aposentadoria enquanto tirava fotos, o que era sua paixão. É muito difícil de compreender", declarou o clube.

Reuven Morrison

Reuven Morrison emigrou da antiga União Soviética para a Austrália na década de 1970, quando era adolescente, segundo entrevista concedida à ABC exatamente um ano atrás.

"Viemos para cá com a convicção de que a Austrália é o país mais seguro do mundo, que os judeus não enfrentariam tanto antissemitismo no futuro e que poderíamos criar nossos filhos em um ambiente seguro", contou ele à emissora pública australiana.

Ao confirmar sua morte, a organização Chabad destacou que Morrison morou em Melbourne por muito tempo, mas "descobriu sua identidade judaica em Sydney".

"Empresário de sucesso, seu principal objetivo era doar seus rendimentos para organizações beneficentes muito queridas para ele, particularmente a Chabad de Bondi", escreveu a organização no X.

Rabino Yaakov Levitan

A Chabad confirmou a morte do rabino Yaakov Levitan, descrito pela organização como "coordenador popular" das suas atividades em Sydney.

Ele também trabalhou como secretário do tribunal rabínico Beth Din de Sydney e no Centro BINA, autodescrito como centro de aprendizado judaico.

Tibor Weitzen

Tibor Weitzen estava no evento com sua esposa e seus netos, quando morreu tentando proteger um amigo da família, segundo a Chabad.

O homem de 78 anos era um membro "muito querido" da sinagoga Chabad de Bondi, informa a organização.

Sua neta, Leor Amzalak, declarou à ABC que ele era "o melhor que se podia pedir". E destacou que Weitzen emigrou de Israel para a Austrália em 1988.

"Ele só via o melhor das pessoas e sentiremos muitíssima falta dele", disse ela para a emissora.

Marika Pogany

O Conselho Executivo Judaico da Austrália e a imprensa local indicaram que Marika Pogany, de 82 anos, foi mais uma das vítimas do ataque.

O jornal de Sydney Morning Herald informou que Pogani era uma ávida voluntária e membro do Clube de Bridge Harbour View, de Sydney.

"Ela era uma pessoa excepcional, excelente jogadora de bridge e uma amiga ainda melhor", declarou o diretor do clube, Matt Mullamphy.

O presidente da Eslováquia, Peter Pellegrini, afirmou que uma mulher eslovaca chamada Marika estava entre os mortos. E a ex-presidente do país, Zuzana Čaputová, afirmou que ela era sua amiga próxima.

Čaputová a descreveu como uma mulher excepcional, que "viveu sua vida ao máximo", em uma postagem nas redes sociais.

Ela afirmou que Pogany morreu "na sua adorada praia de Bondi" e que Sydney era seu "refúgio".

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