Governo Lula autoriza análise sobre uso Lei da Reciprocidade contra os EUA
Agência BBC

Governo Lula autoriza análise sobre uso Lei da Reciprocidade contra os EUA

Câmara de Comércio Exterior (Camex) fará análise sobre possível aplicação de punições; governo americano deve ser notificado pelo Itamaraty nesta sexta-feira (29/08).

Colagem de fotos de Lula e Trump; ambos aparecem sérios e compenetrados
Getty Images
Governo Lula autorizou início de análise que pode levar a retaliação por tarifaço de Trump

O governo brasileiro autorizou nesta quinta-feira (28/08) o início de uma análise sobre a possível aplicação da Lei da Reciprocidade contra os Estados Unidos — que impuseram uma tarifa de 50% sobre vários produtos brasileiros, a qual começou a valer no início do mês.

A autorização foi confirmada por uma fonte do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty) à BBC.

O governo americano vai ser notificado pelo Itamaraty sobre o início da análise nesta sexta-feira (29).

O Itamaraty, em coordenação com outros ministérios do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), encaminhou à Câmara de Comércio Exterior (Camex) o pedido de análise, que vai durar até 30 dias (não está claro se úteis ou corridos).

A Camex vai analisar se as tarifas americanas se enquadram como algo "sancionável" segundo a Lei da Reciprocidade Econômica brasileira.

Em caso positivo, será formado um grupo de trabalho na Camex para analisar quais represálias o Brasil pode aplicar contra os EUA — por exemplo, afetando o comércio de bens e serviços e/ou questões de propriedade intelectual.

O decreto especifica critérios e possíveis punições para decisões unilaterais de outros países que afetem negativamente a competitividade brasileira no comércio exterior.

Umas das respostas previstas na lei brasileira é a própria imposição de tarifas; outra possibilidade é o Brasil deixar de cumprir termos de acordos comerciais firmados com o país "agressor".

O decreto também autoriza o governo a adotar retaliações de forma provisória.

Os EUA poderão se manifestar formalmente durante o procedimento brasileiro, além de continuarem tendo a possibilidade de diálogo através de canais diplomáticos.

A Lei da Reciprocidade foi aprovada em abril e regulamentada por um decreto de Lula em julho.

O decreto assinado por Lula foi umas das primeiras respostas brasileiras às tarifas impostas pelo governo de Donald Trump — que, ao anunciar a taxação, apresentou como justificativa uma suposta "caça às bruxas" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está inelegível, é réu em uma ação penal a ser julgada em breve e está em prisão domiciliar.

Após o anúncio das tarifas, o governo Trump anunciou, também em julho, a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil, mirando em vários assuntos, do Pix ao desmatamento.

Em meados de agosto, o governo brasileiro apresentou sua resposta à investigação comercial, afirmando que as acusações dos EUA são "improcedentes" e que o Brasil age "em plena conformidade com as melhores práticas internacionais e com as obrigações do País na OMC [a Organização Mundial do Comércio]".

Além disso, defendeu o Pix, já que os EUA haviam afirmado que o Brasil estaria se valendo de supostas práticas desleais ao favorecer "serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo".

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