Prisão de Bolsonaro: as reações de filhos, Michelle, aliados e opositores do ex-presidente
Agência BBC

Prisão de Bolsonaro: as reações de filhos, Michelle, aliados e opositores do ex-presidente

Filhos e aliados de Bolsonaro classificaram prisão domiciliar como símbolo do fim da ditadura no Brasil, enquanto opositores falaram em desrespeito de Bolsonaro às medidas cautelares.

Manifestante usa máscara com rosto de Bolsonaro e algemas nas mãos
Reuters
Protesto em frente à embaixada americana em Brasília na sexta-feira (1/8)

A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes nesta segunda-feira (4/8), gerou reações de seus filhos, aliados e opositores.

Na decisão, Moraes afirma que o ex-presidente descumpriu as medidas cautelares impostas em 17 de julho, quando o ministro determinou o uso de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente, além da proibição do uso de redes sociais diretamente ou por intermédio de terceiros.

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Segundo o despacho desta segunda-feira, Bolsonaro "produziu material para publicação nas redes sociais de seus três filhos e de todos os seus seguidores e apoiadores políticos, com claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao Supremo Tribunal Federal e apoio, ostensivo, à intervenção estrangeira no Poder Judiciário brasileiro."

O cumprimento da pena tem tempo indeterminado e impõe também a proibição de Bolsonaro receber visitas.

O advogado do ex-presidente, Celso Vilardi, foi procurado pela BBC News Brasil, mas não respondeu à mensagem.

Confira algumas reações à determinação de prisão domiciliar.

Eduardo e Flávio Bolsonaro: 'Fim da democracia'

Filho do ex-presidente e deputado federal (PL-SP), Eduardo Bolsonaro fez postagens em inglês e português na rede social X protestando contra a prisão do pai.

O deputado, que está morando nos EUA e pressionando políticos americanos por sanções contra Alexandre de Moraes e o STF, afirmou que a prisão ocorreu "sem crime, sem evidências, sem julgamento".

"O Brasil não é mais uma democracia. O mundo precisa notar isso", escreveu o parlamentar.

Eduardo Bolsonaro destacou que a decisão de Moraes ocorreu no mesmo dia em que a organização Civilization Works publicou dossiê acusando o ministro do STF de criar uma força-tarefa para fazer postagens em mídias sociais justificando as prisões do 8 de janeiro.

Bolsonaro e Eduardo são investigados por tentativa de obstruir o processo no qual o ex-presidente é acusado de comandar um susposto golpe de Estado para se manter no poder.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse em entrevista à CNN Brasil que a prisão do pai demonstra que o Brasil estaria agora "oficialmente numa ditadura".

"Uma única pessoa sozinha decreta a prisão de um ex-presidente da República, uma pessoa honesta, uma pessoa correta", disse Flávio, afirmando que o processo contra o pai seria um "jogo de cartas marcadas".

"Era tudo o que o Alexandre Moraes queria, se vingar do presidente Bolsonaro."

O senador acusou Moraes de previamente "desequilibrar o processo eleitoral" quando foi presidente do TSE, durante as eleições de 2022 — "pesando mais a favor do nosso concorrente", disse Flávio.

Michelle Bolsonaro: 'Deus mesmo é o juiz'

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL-RJ) publicou somente um salmo bíblico para se manifestar sobre a prisão do ex-presidente.

"E os céus anunciarão a sua justiça; pois Deus mesmo é o juiz", escreveu ela.

No domingo (3/8), Michelle participou da manifestação dos apoiadores do marido em Belém (PA). Na ocasião, ela fez um discurso afirmando que direitos estão sendo violados.

"O meu marido está sofrendo censura prévia, o meu marido foi silenciado. Muitos foram silenciados antes. Nós temos vários cidadãos presos".

Políticos de direita criticam motivação da prisão domiciliar

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), classificou a prisão de Jair Bolsonaro como um "capítulo sombrio na história de perseguição política do STF".

Segundo Zema, Bolsonaro teria sido punido apenas por ter tido "sua voz ouvida nas redes". O governador prestou solidariedade ao ex-presidente e à sua família.

Deputado federal e líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ) escreveu em sua rede social que a prisão de Jair Bolsonaro demonstra que a democracia no Brasil teria acabado.

"Não há mais instituições, há tiranos com toga", disse Cavalcante, defendendo que o ex-presidente não teria cometido crime e nem teria tido direito à defesa.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) fez algumas postagens nas suas redes sociais criticando a decretação de prisão domiciliar contra Jair Bolsonaro.

Ferreira é citado na decisão de Moraes, segundo quem o parlamentar teria usado o ex-presidente para impulsionar a hostilidade à Justiça ao mostrar Bolsonaro em chamada de vídeo durante manifestação bolsonarista em São Paulo (SP) : "(…) o parlamentar utilizou Jair Messias Bolsonaro para impulsionar as mensagens proferidas na manifestação na tentativa de coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça e com amplo conhecimento das medidas cautelares impostas (...)."

Ferreira defendeu que apenas mostrou Bolsonaro assistindo a manifestação, e não falando.

"Olha só que ditadura confusa, né? Ele não pode falar, não pode dar entrevista, mas se uma outra pessoa filma ele e posta nas redes sociais, aquela pessoa é responsabilizada e ele [Jair Bolsonaro] também é responsabilizado. Como assim?", questionou o deputado mineiro.

O parlamentar, assim como Eduardo Bolsonaro, destacou que a decisão de Moraes ocorreu no mesmo dia da publicação do dossiê da organização Civilization Works.

Ferreira afirmou que a Lei Magnitsky, da qual Moraes foi alvo nos EUA, é "pouco" para o ministro do STF — que, segundo o parlamentar, deveria ir para a "cadeia".

Governistas falam em cumprimento da justiça

Entre governistas, a prisão domiciliar de Bolsonaro foi celebrada como o cumprimento da Justiça.

Líder do PT na Câmara dos Deputados, o parlamentar Lindbergh Farias (RJ) afirmou que a prisão determinada pelo STF foi "proporcional à gravidade dos atos".

"A medida não se deu apenas por descumprir as cautelares já impostas, mas por reincidir de forma deliberada, debochar da autoridade judicial e seguir atuando contra o Estado Democrático de Direito", defendeu o petista na rede social X.

"Ele [Jair Bolsonaro] apareceu em chamada de vídeo durante ato público, com divulgação em redes sociais administradas por seus filhos, violando a proibição de uso direto ou indireto de redes. Além disso, segue promovendo sanções estrangeiras contra o Brasil e atentando contra a soberania nacional em articulação com atores políticos internacionais", enumerou Farias.

Membro do governo Lula, Marcelo Freixo (PSOL) defendeu em suas redes sociais que Bolsonaro foi penalizado com a prisão domiciliar porque "descumpriu mais uma vez uma decisão judicial".

"Bolsonaro tentou transformar tornozeleira e proibição de redes em espetáculo público. Houve descumprimento reiterado de decisão judicial. Desacato de decisão judicial não é discurso político, é crime. Ele pediu pra ser preso", argumentou Freixo, presidente da Embratur.

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