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Praça histórica do Centro de Fortaleza é ocupada por ambulantes

A ocupação desordenada e privada do espaço público é prejudicial, principalmente numa praça histórica. Ocupada por ambulantes, a praça José de Alencar acaba suja, degradada e impede a livre circulação de pedestres
23:07 | Ago. 04, 2017
Autor Angélica Feitosa
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Tipo Notícia
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Para chegar ao Theatro José de Alencar (TJA), no último sábado, 29, a professora Joana d’Arc de Almeida, 36, precisou fazer malabarismo. A calçada do equipamento público fica, nesse dia da semana, completamente tomada por vendedores ambulantes: confecção, capas para celular, flores artificiais, chinelas japonesas são vendidos ao ar livre. “Tive que pedir passagem para chegar até a entrada (do Theatro), tropeçando nas mercadorias. Não tem canto nem pra gente andar”, reclama.
 
No meio da Praça José de Alencar, a situação é semelhante. Vendedores de comida e confecção ocupam, com total desordenamento, todo o largo. O TJA tem tombamento bastante recente, de janeiro de 2006. Com isso, a praça fica protegida por fazer parte da área de entorno do bem tombado.
 
Tâmila Bento Lira, 20, sabe das dificuldades com a crise econômica em que “cada um faz o que pode pra ganhar dinheiro”. Mas a auxiliar administrativa julga que seria necessário organizar os vendedores ambulantes em outro espaço mais apropriado e deixar a praça livre para o ir e vir das pessoas. “Cada um sobrevive do jeito que dá. Não se pode matar o povo de fome, mas é preciso também não tomar todo canto com venda. Ainda mais uma praça tão importante”, conta.
 
Vendedora de flores no canto da praça, Salete Chagas, 53, está no local há mais de 20 anos, quando a praça ainda era utilizada como largo para ir e vir. Ela diz ter autorização da Prefeitura para a venda e opina que a situação está caótica. “As pessoas destroem a praça e é muita desorganização”, opina.
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Vista grossa das autoridades
É preciso considerar o contexto da crise e o aumento acentuado do desemprego para analisar a ocupação do espaço público. Na visão do professor do curso de Geografia, da Universidade Federal do Ceará, José Borzachiello. “Essa invasão por atividades geradoras de rendas por mínimas que sejam está ligada ao aumento da entrada das pessoas na pobreza e na extinção de políticas públicas ligadas a elas”, avalia o professor.
 
Nada justifica, para Borzachiello, a situação de abandono dos espaços públicos. “Hoje as praças passam por um processo de mutilação. A descaracterização da praça José de Alencar é um desleixo da administração, que deveria ter mais cuidado com o bem, ainda mais um bem de entorno de outro tombado”, diz e completa que as autoridades fazem “vista grossa”.
 
O titular da Secretaria Regional do Centro, Adail Fontenele, afirmou ao O POVO Online que, desde janeiro passado, a Prefeitura trabalha com a meta de ordenar o comércio informal do Centro de Fortaleza e de recuperação dos espaços públicos, como a Praça do Carmo. Na segunda quinzena de agosto, segundo informa, a Prefeitura deve iniciar a reforma e restauração das praças Coração de Jesus e dos Voluntários. 
 
Já a praça José de Alencar, segundo ele, merece “atenção especial” e não será contemplada nesta reforma. "A Prefeitura está trabalhando para conseguir o financiamento do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), mas ele carece de autorização do Senado para que seja dado aval para o empréstimo", aponta. O secretário informa que a Câmara Municipal se articula para fazer uma visita ao Senado Federal para que a autorização seja dada.

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