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Projeto de limpeza do Cocó retira 2.300 toneladas de lixo do rio

Trabalho começou em 2014 e depende de parcerias para continuar, ocorrer em toda a extensão do rio e virar um programa permanente na Secretaria do Meio Ambiente do Ceará
08:50 | Mai. 21, 2017
Autor Demitri Túlio
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Demitri Túlio Repórter investigativo
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Tipo Notícia

[FOTO1]Um projeto de recolhimento de lixo das águas do Cocó está na final do Prêmio Nacional da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente. O trabalho "Limpeza e desobstrução do canal principal do rio Cocó”, coordenado pelo geógrafo Leonardo Borralho - da Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema), concorre com outras 17 iniciativas na categoria júri popular. Também é finalista o programa cearense de conservação ao periquito da cara-suja (Guaramiranga). A votação ainda está aberta e o internauta/leitor pode participar acessando a página http://pnb.mma.gov.br/juri_popular.

 

A necessidade de desobstruir as margens e o canal do rio em cinco trechos localizados em Fortaleza, tomados principalmente por aguapés, fez surgir em 2014 a urgência iniciar a limpeza do canal principal do rio Cocó, em Fortaleza. Ações pontuais, segundo Leonardo Borralho, não davam conta da velocidade com que o espelho da água se enchiam de plantas invasoras. Espécies que se favorecem, notadamente, com a poluição urbana.

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Segundo o geógrafo Leonardo Borralho, o rio - que nasce na serra da Aratanha (Pacatuba) e desemboca no oceano Atlântico na praia do Caça e Pesca (Fortaleza) - se tornou vítima do consumo desordenado e descarte do lixo produzido na metrópole cearense e nos municípios por onde o Cocó atravessa.


[FOTO2]Para se ter uma ideia, de 2014 a dezembro de 2016, foram retiradas 2.300 toneladas de resíduos sólidos, capim, troncos e aguapés. Agentes responsáveis, por exemplo, pela eutrofização da água ou redução da oxigenação do rio.


“A maior parte do material recolhido é biodegradável e colocado na margem do rio para que vire matéria orgânica. O Parque do Cocó faz um trabalho de coleta seletiva e aproveita alguns resíduos retirado das águas. O que não é reaproveitado segue para o aterro sanitário”, explica Borralho.


Além das máquinas e barcos utilizados na operação também foram feitas amarrações de redes (cordas) para impedir o deslocamento do “lixo grande” com o movimento da maré, secando ou enchendo. Trabalho feito pelo Tenente Araújo, comandante de um dos barcos utilizado no projeto de desobstrução.


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“Estas fases de ações de limpeza também permitiram o retorno das condições de navegabilidade do rio. Seja para fins de monitoramento e inspeções ou ações de cunho turístico, científico e de educação ambiental”, afirma Leonardo Borralho.


Além da retomada da navegabilidade de parte do rio, a iniciativa da Sema teria permitido o retorno e a observação de algumas espécies que não se via mais por ali. Não há pesquisa que comprove ainda, mas “com o ressurgimento da lâmina de água do rio, se constatou o reaparecimento de animais que puderam efetuar novamente a predação da ictiofauna. O tamatião (Nycticorax nycticorax), que é uma ave ribeirinha, passou a ser mais frequente”, garante o geógrafo da Sema.


[FOTO3]O projeto “Limpeza e desobstrução do canal principal do rio Cocó” ameniza o prejuízo para o rio e Parque do Cocó. Mas como o passivo de poluição vem de décadas, não resolve o problema. Leonardo Borralho reconhece e afirma que a ideia é reforçar parcerias no programa Pacto Pelo Cocó para dar continuidade ao trabalho. Além de envolver atores públicos e sociedade civil na despoluição de toda a extensão do estuário e promover a reeducação ambiental em casa, na escola e no espaço público.

 


SERVIÇO

Os projetos “Limpeza e desobstrução do canal principal do rio Cocó” (Fortaleza) e “Periquito Cara-Suja” são finalistas do Prêmio Nacional da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, na categoria júri popular. Quem quiser votar acessa: http://pnb.mma.gov.br/juri_popular/. O anúncio dos vencedores será nesta segunda-feira (22/5/2017).


AS ETAPAS DE LIMPEZA DO RIO COCÓ


1ª fase. Limpeza do trecho entre as avenidas general Murilo Borges e Raul Barbosa, nas proximidades da comunidade Padre Cícero. De 27/7/2014 a 13/9/2014. Retirada de 18 toneladas de capim, aguapés, troncos e resíduos sólidos.


2ª fase. Limpeza do trecho entre as avenidas Sebastião de Abreu, Engenheiro Santana Júnior e Murilo Borges. De 14/4/2015 a 13/6/2015. Retirada de cerca de 150 toneladas de capim, aguapés, troncos e resíduos sólidos.


3ª fase. Limpeza do trecho entre as avenidas Engenheiro Santana Júnior até a avenida General Murilo Borges (Escola Ambiental Dra. Francisca de Assis Canito da Frota / Fábrica de Óleo). De 27/6/2016 a outubro de 2016.


4ª fase. Limpeza da avenida General Murilo Borges a BR 116 e manutenção das etapas anteriores. Até o momento ocorreu a retirada de mais de 2.300 toneladas de capim, aguapés, troncos e resíduos sólidos.


- Além do geógrafo Leonardo Borralho, o projeto “Limpeza e desobstrução do canal principal do rio Cocó” conta com o trabalho de coordenação de Lucas Silva, Guilherme Barroso e do tenente Araújo.


Projeto de conservação do periquito da cara-suja também é finalista
[FOTO4]O esforço pela conservação do periquito da cara-suja (Pyrrhura griseipectus), no Maciço de Baturité, é outro projeto cearense está entre os finalistas do Prêmio Nacional da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente. Desenvolvido pela ONG Aquasis, e apoiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, o trabalho começou em 2007 para retirar a ave da lista de espécies ameaças do Brasil.

 

 


O periquito da cara-suja tinha como habitat as florestas serranas do Ceará e outros lugares do Nordeste. Segundo dados da Fundação Boticário, em 2003, foi registrada a situação crítica de apenas 250 indivíduos na natureza. Após dez anos de iniciativas da Aquasis, em Guaramiranga e municípios vizinhos, chegou-se “a quase mil indivíduos vivendo soltos. Número significativo, mas ainda considerado baixo e preocupante”, observa Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Boticário. Atualmente, a espécie ocorre em três áreas: Serra de Baturité, Quixadá e Ibaretama.


No Ceará, o trabalho realizado pela Aquasis tenta evitar a perda do habitat do periquito da cara-suja. São iniciativas sustentáveis, a longo prazo, envolvendo ações diretas, pesquisas de campo, sensibilização da sociedade, políticas públicas e auxílio à criação e manejo de Unidades de Conservação. As ações acabam beneficiando outras espécies, garantindo a manutenção dos habitats e dos serviços ambientais oferecidos pelas aves e outros animais.

 

 

 

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