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Garçom, entregador de água e morador de SP estão entre as vítimas de Chacina

Três pessoas morreram e outras três ficaram feridas. A Polícia Civil identificou três adolescentes e três adultos suspeitos do crime
20:39 | Mar. 31, 2017
Autor Jéssika Sisnando
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Jéssika Sisnando Repórter
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Tipo Notícia

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A praça Luciano Cardoso, no bairro Padre Andrade, estava de luto nesta sexta-feira, 31. Acostumada a acolher diversos grupos de idosos, crianças e jovens, ao entardecer, o espaço estava quase vazio. As marcas da violência estavam em todo o lugar, desde os pedaços da fita de isolamento usada para resguardar o local do crime na noite passada, até os portões cheios de marcas de tiros.
[SAIBAMAIS]
Um garçom, um entregador de água e um homem, que havia chegado de São Paulo há dois dias, foram mortos sem chance de defesa durante ataque criminoso na noite desta quinta-feira, 30, na praça Luciano Cardoso. O POVO apurou que a investigação do 7° DP (Pirambu) apontou que os mortos e os outros três baleados se tornaram vítimas pelo fato de morar naquela área. Um grupo da Lagoa do Urubu pretendia vingar uma morte que aconteceu no mês de fevereiro e abriu fogo contra os frequentadores da pracinha.

Na última quinta-feira, 30, foram mortos Jaime Barros de Almeida Filho, de 32 anos, Alex Bruno de Sousa Ferreira, de 21, e Antônio Dionísio Duarte, de 31. Saíram feridos Francisco Lucivando, de 42 anos, e Jecildo de Oliveira, de 19. Um terceiro ferido, cuja identificação não foi divulgada, foi levado para o Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro.

O POVO entrevistou moradores e testemunhas. Todos pediram para não serem identificados. Um dos moradores falou sobre Jaime, que morava em frente à pracinha desde criança. O pai de Jaime havia falecido. Ele era pai e criava o filho com a mãe. Garçom profissional, nascido e criado no bairro, foi assim que descreveram os vizinhos e o proprietário de um comércio nas proximidades.

[FOTO2]O Alex bruno entregava água e era descrito como um 'faz tudo". A vizinhança o descreve como uma pessoa sempre disposta a ganhar um "dinheirinho extra'. "Ele dizia: só não mato e nem roubo", ressalta a moradora. Uma vizinha comentou que aos sábados a pracinha recebe a celebração da palavra de Deus. "Neste pátio onde morreu um senhor tem a celebração da palavra. E neste espaço ficam 30 crianças da capoeira. As pessoas da igreja trazem pratos, como mucunza, para a venda", ressaltou.

No momento em que o grupo em três motos chegou e abriu fogo contra as pessoas, as vítimas estavam fritando um peixe e comendo camarão. "Momentos antes, o Jaime (vítima) foi em casa pegar uma biblía e deu para uma pessoa. Ele gostava de pregar a palavra de Deus. Nasceu e se criou aqui. A família dele é humilde, a mãe dele vende tapetes", comenta.

Sobre o homem que veio de São Paulo, se trata de Antônio Dionísio Duarte. Cearense, mas morava em São Paulo. Estava de férias do trabalho e resolveu visitar a irmã, que morava no bairro. Uma testemunha do crime, um idoso de 78 anos, diz que ficou sentado e teve dificuldade para levantar.  Proprietário de um comércio próximo se perguntou sobre quem iria querer ocupar a praça depois do crime.

Polícia

As equipes do 7° DP (Pirambu), 33° DP (Barra do Ceará) e Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) divulgaram na tarde desta sexta-feira, 31, que identificaram os seis suspeitos que participaram do crime. São três adultos e três adolescentes, um deles de apenas 13 anos. 

A morte seria uma represália a execução de uma pessoa que não teria envolvimento com o tráfico. O caso aconteceu na Lagoa do Urubu, em fevereiro deste ano. O inquérito policial está com o 7° DP. No dia do crime, um adulto foi preso e um adolescente de 17 anos apreendido. As investigações continuam e a prisão dos suspeitos deve ser pedida à Justiça.

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