Brasil no Oscar: conheça filmes escolhidos para representar o País

Representante do Brasil para o Oscar 2026 será revelado nesta segunda-feira. Saiba quais foram as escolhas em anos anteriores

10:33 | Set. 15, 2025

Por: Arthur Albano
Conheça filmes brasileiros que já foram escolhidos para representar o Páis na premiação do Oscar (foto: ANGELA WEISS / AFP)

Nesta segunda-feira, 15, foi revelado pela Academia Brasileira de Cinema o representante do Brasil no Oscar 2026. A disputa estava entre o premiado em Cannes “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, e “Manas”, da diretora Marianna Brennand.

Os dois filmes foram os com maior campanha no cenário internacional, compondo a lista que também trouxe os longas “Baby”, de Marcelo Caetano; “Kasa Branca”, de Luciano Vidigal; “O Último Azul”, de Gabriel Mascaro; e “Oeste Outra Vez”, de Erico Rassi.

Oscar 2026: O Agente Secreto é o escolhido para representar o Brasil

Após votação da banca analisadora, a Academia Brasileira de Cinema escolheu “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, para ser enviado como representante do país na categoria de Melhor Filme Internacional.

O longa venceu o prêmio de Melhor Direção e Melhor Ator no Festival de Cannes, impulsionando o nome de Wagner Moura a uma possível indicação nesta categoria do Oscar. Vale destacar que a obra teve seus direitos de distribuição comprados pela Neon, empresa responsável pelos vencedores mais recentes da categoria de Melhor Filme Internacional.

Ambientado no Recife em 1977, durante o período da ditadura militar no Brasil, O Agente Secreto acompanha a trajetória de Marcelo, interpretado por Wagner Moura, um professor universitário e especialista em tecnologia que retorna à sua cidade natal após anos afastado e fugindo de um passado misterioso e violento em São Paulo.

Brasil no Oscar: como ocorre a seleção para Melhor Filme Internacional?

Para a categoria de Melhor Filme Internacional, cada país envia uma obra que melhor represente a nação naquele ano, ainda que possam ocorrer indicações por fora desse sistema.

Até 2016, o Brasil tinha como órgão responsável pela escolha do representante nacional a Secretaria do Audiovisual (SAv), uma divisão do Ministério da Cultura que selecionava os filmes por meio de um processo não transparente ao grande público.

A mudança no sistema veio em 2017, após a polêmica que elegeu Pequeno Segredo, de David Schurmann, como representante brasileiro em vez de Aquarius, de Kleber Mendonça Filho. 

Foi então que a Academia Brasileira de Cinema (ABC), entidade não-governamental, assumiu o posto de seleção na disputa por uma indicação ao Oscar. Desde então, os filmes são selecionados por um comitê de artistas e diretores mantidos em sigilo.

A partir de 2022, os filmes passaram a ser divulgados em uma lista de seis títulos concorrendo a representante do Brasil no Oscar.

Brasil no Oscar: quais filmes foram escolhidos em anos anteriores

As produções escolhidas para representar o Brasil a cada ano no Oscar passam a disputar com representantes dos demais países por uma vaga entre os indicados à premiação. Veja abaixo quais filmes brasileiros já estiveram nesta lista concorrida:

Ainda Estou Aqui - Walter Salles

Adaptação do livro de mesmo nome escrito por Marcelo Rubens Paiva, “Ainda Estou Aqui” fez história ao vencer a categoria de Melhor Filme Internacional, sendo esta a primeira vez que um longa brasileiro alcançou tal feito. Além disso, também houve a indicação de Fernanda Torres como Melhor Atriz e uma indicação na categoria principal de Melhor Filme.

O filme é ambientado no Brasil dos anos 1970 durante a ditadura cívico-militar no Brasil. No Rio de Janeiro, a família Paiva, formada por Rubens e Eunice e seus cinco filhos, vive à beira da praia em uma casa de portas abertas para os amigos.

Um dia, Rubens é levado por militares à paisana e desaparece, obrigando sua esposa a se reinventar e traçar um novo futuro para si e para os filhos enquanto busca a verdade sobre o destino do marido.

Retratos Fantasmas - Kleber Mendonça Filho

Sendo essa a segunda vez que um documentário foi escolhido para representar o Brasil no Oscar, “Retratos Fantasmas” traz o centro da cidade do Recife como personagem principal, revisitado através dos grandes cinemas que serviram como espaços de convívio durante o século XX.

O longa também concorreu a uma indicação em “Melhor Documentário”, mas acabou ficando de fora da competição. No entanto, sua escolha trouxe o retorno do diretor pernambucano ao páreo da competição depois da polêmica de Aquarius na edição de 2017 e da derrota de Bacurau na votação de 2020.

Anteriormente, Kleber já havia sido escolhido para representar o País com seu primeiro longa-metragem, “O Som ao Redor”, em 2014.

Marte Um - Gabriel Martins

Contando a história de Deivinho, um menino negro de classe média baixa que tem o sonho de tornar-se astrofísico e integrar o projeto Mars One de colonização do planeta Marte, a escolha de 2023 foi destaque no Festival de Cinema de Gramado.

Marte Um estreou no Festival Sundance de Cinema; apesar da boa recepção, não chegou a ser indicado ao Oscar.

O longa marca a primeira escolha da Academia Brasileira de Cinema após a reorganização do processo que reduz a escolha a uma lista de seis títulos.

Deserto Particular - Aly Muritiba

Dirigido por Aly Muritiba, “Deserto Particular” conta a história de Daniel, um policial demitido da corporação que decide viajar de Curitiba para Sobradinho em busca de Sara, uma figura misteriosa com quem ele se relaciona pela internet. Ao chegar lá, acaba mergulhando em intensos processos de descoberta e aceitação de seus afetos.

Mesmo sendo a escolha do longa para representar o Brasil no Oscar de 2022, o longa causou polêmica pela forma como foi escolhido.

Quem liderou as indignações nas redes sociais foi o crítico de cinema Waldemar Dalenogare, que apontou a demora na escolha do filme que acabou prejudicando sua campanha internacional.

O filme não foi indicado ao prêmio e, em dezembro de 2021, data em que os indicados foram anunciados, o diretor Aly Muritiba comentou em seu Twitter que: “Uma das coisas que aprendi é que é sobre cinema sim, mas não só, na verdade, muito menos. É sobre planejamento, prazo, suporte, dinheiro. Não basta ter um bom filme”.

Babenco, Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou - Bárbara Paz

Com o feito inédito de ser o primeiro documentário escolhido para representar o Brasil no Oscar, a obra dirigida por Bárbara Paz retrata os últimos anos de seu marido Héctor Babenco, cineasta conhecido por “Pixote - A Lei dos Mais Fraco” e “O Beijo da Mulher Aranha”.

O longa não chegou a ser indicado ao Oscar, apesar da campanha feita pela diretora.

A Vida Invisível - Karim Ainouz

Uma das escolhas mais polêmicas, “A Vida Invisível” é uma adaptação do livro “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”. A história foca na vida de duas irmãs que se separam por escolhas de vida e passam anos na esperança de se encontrarem novamente.

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Com participação especial de Fernanda Montenegro, o longa de Karim Ainouz não foi indicado ao prêmio.

No mesmo ano de seu lançamento, a obra disputou atenção com Bacurau, longa dirigido por Kleber Mendonça Filho que venceu o Prêmio do Júri no Festival de Cannes.

Durante a comissão analisadora com os críticos de cinema, Bacurau perdeu por apenas um voto, também não sendo indicado no Oscar de 2020.

*Matéria atualizada às 12h37min de 15/09/2025