Drova se diferencia por narrativa profunda e combate exigente
Jogo indie oferece uma experiência de ação e RPG ambientada em uma terra repleta de mitologia céltica, dividida entre duas facções e repleta de criaturas imprevisíveis
No início, Drova - Forsaken Kin joga o jogador em um mundo desconhecido, lutando para sobreviver com ferramentas simples e habilidades básicas. Não há pressão para ser moralmente correto, permitindo atos ilícitos sem punições severas ou irreversíveis. A reputação com os habitantes do mundo pode mudar com as ações do jogador. É inevitável sentir uma certa desorientação inicial devido à falta de mapas claros, o que leva a percursos mais longos entre acampamentos e bosques desconhecidos. O nível de desafio em Drova é perceptível desde o começo, com bestas ferozes e insetos gigantes que atacam impiedosamente, dificultando o avanço do jogador menos experiente. O game não guia cada passo, mas incentiva a descoberta gradual, desde adquirir armas úteis até desvendar receitas de itens. Esse mundo dinâmico, onde inimigos não ressurgem e as missões podem ser concluídas em diferentes ordens, proporciona liberdade, mas também exige cuidado estratégico.
A narrativa apresenta múltiplos finais e lembra clássicos CRPGs, permitindo que o jogador defina a própria moralidade. Os personagens secundários, ainda que não memoráveis visualmente, enriquecem o enredo com suas rotinas e diálogos sutis, evocando um clima de mistério e sobrevivência semelhante a jogos clássicos do PC, como Ultima ou Gothic.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Os controles podem gerar estranheza, especialmente pela necessidade de desembainhar a arma manualmente, o que muitas vezes resulta em ataques gratuitos dos adversários. Ajustar a sensibilidade do controle ou preferir teclado e mouse ajuda a diminuir esse inconveniente, garantindo um timing mais preciso nos combates.
Os gráficos impressionam no início pelo estilo artístico 2D detalhado, ainda que simples em alguns aspectos. A clareza das imagens não é impecável, mas a atmosfera suja dos pântanos, as construções rústicas das vilas e a fauna brutalmente viva mantêm o engajamento. Não se trata de um visual revolucionário, mas o desempenho é estável o suficiente para imergir no cenário. O áudio, por sua vez, entrega efeitos sonoros adequados e realistas, desde o farfalhar das folhas até o ruído das armas batendo em escudos improvisados, contribuindo para a ambientação sem distrair ou irritar os ouvidos.
A rejogabilidade é satisfatória, oferecendo cerca de 40 horas de conteúdo e diversas trajetórias narrativas. Apesar de alguns problemas, como bugs ocasionais, a ausência de recursos renováveis no início e mapas confusos, há um potencial para atrair aqueles em busca de uma jornada desafiadora. Este é um jogo indie que recompensa o jogador que se dedica a compreender suas mecânicas e a se adaptar ao ritmo lento e imprevisível de Drova. Essa jornada, caracterizada por dificuldades iniciais, navegação complexa e combates desafiadores, gera sensações mistas, mantendo o interesse de quem valoriza uma experiência mais crua e exigente.
Davi Rocha é integrante do canal de Youtube Bacontástico