Danilo Gentili rebate acusações de pedofilia por filme na Netflix

A obra foi lançada em 2017, mas está disponível na plataforma de streaming desde fevereiro. Entretanto, foi nesse fim de semana que a repercussão negativa viralizou

10:35 | Mar. 14, 2022

Por: Miguel Araujo
O apresentador Danilo Gentili foi acusado de incentivo à pedofilia por uma cena de seu filme; deputado André Fernandes (PL) foi um dos que criticou a obra (foto: Reprodução)

No último fim de semana, o comediante e apresentador Danilo Gentili foi alvo de acusações de “incentivo à pedofilia” feitas nas redes sociais devido a uma cena de seu filme “Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola”, disponível na Netflix. Diante das várias críticas recebidas - muitas realizadas por perfis de apoiadores de Jair Bolsonaro, incluindo o deputado estadual cearense André Fernandes (PL) -, ele respondeu que seu maior orgulho na carreira é ter conseguido “desagradar na mesma intensidade tanto petistas quanto bolsonaristas”.

O maior orgulho que tenho na minha carreira é que consegui desagradar com a mesma intensidade tanto petista quanto bolsonarista.

Os chiliques, o falso moralismo e o patrulhamento: veio forte contra mim dos dois lados.

Nenhum comediante desagradou tanto quanto eu.

Sigo rindo pic.twitter.com/zh4sz2aZcr

— Danilo Gentili (@DaniloGentili) March 13, 2022

“Os chiliques, o falso moralismo e o patrulhamento: veio forte contra mim dos dois lados. Nenhum comediante desagradou tanto quanto eu. Sigo rindo”, rebateu Gentili. A obra foi lançada em 2017, mas está disponível na plataforma de streaming desde fevereiro. Entretanto, foi nesse fim de semana que a repercussão negativa viralizou, e uma hashtag que acusa a Netflix de “apoiar a pedofilia” esteve entre os principais assuntos do Twitter.

Além de Danilo, o humorista e ator Fábio Porchat - que está na obra - foi alvo da onda de acusações. Até a publicação desta matéria, Porchat não havia se manifestado sobre o caso. O longa é baseado no livro homônimo de Gentili e apresenta dois adolescentes que passam a seguir um manual de instruções para se tornar o “pior aluno” e fazer bagunças na escola.

A cena

No filme, Porchat interpreta Cristiano, dono do caderno roubado pelo seu ex-colega de classe para a criação do guia. Os dois jovens encontram os manuscritos e decidem ir atrás do personagem para dicas para conseguirem nota dez nas provas escolares a partir de “cola”. 

No início da cena, ele aparenta ser um homem “inofensivo” e relata casos de bullying que sofreu no colégio, além de apresentar um “ar moral” de desaprovação “como pedagogo” quanto ao conteúdo do caderno. Em um determinado momento, Cristiano afirma que irá falar com os pais dos jovens sobre a tentativa de seguir o manual, o que os deixam preocupados. Ele, então, diz que irá “esquecer” esse caso se eles o masturbarem. Os garotos fogem diante da tentativa de abuso.

André Fernandes critica o filme

Em seu perfil no Twitter, o deputado estadual André Fernandes publicou um vídeo em que reproduz e comenta com indignação um trecho da cena criticada - mas não desde o início, e sim a partir do ponto em que Cristiano fala sobre o tal esquecimento. Ele chamou a atenção para a classificação indicativa do filme - destinada para público a partir de 14 anos - e insinuou que o filme faz “apologia” à pedofilia.

DENÚNCIA GRAVÍSSIMA!
ATENÇÃO PAIS E MÃES! 

Isso não pode ficar impune! Façam a parte de vocês também! pic.twitter.com/0IL61RLgRs

— André Fernandes (@andrefernm) March 13, 2022

"Me faltam até palavras para falar sobre isso. Atenção, pais e mães: vejam ao que os filhos de vocês estão assistindo! Quer dizer que uma criança que se nega a fazer esse tipo de coisa é uma criança retrógrada? Preconceituosa? Que esse tipo de coisa é algo super normal e que as crianças precisam 'abrir a cabeça?' Senhores, que nojeira!", disse Fernandes no final do vídeo.

Diante da cena, o parlamentar afirmou que irá "encaminhar o caso" ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Outras autoridades também se manifestaram sobre o assunto, como o Ministro da Justiça, Anderson Torres. No Twitter, ele falou sobre “detalhes asquerosos” do filme e afirmou determinar para “os vários setores do Ministério da Justiça e Segurança Pública” adotar “providências cabíveis para o caso”.

Assim que tomei conhecimento de detalhes asquerosos do filme “Como se tornar o pior aluno da escola”, atualmente em exibição na @NetflixBrasil , determinei imediatamente que os vários setores do @JusticaGovBR adotem as providências cabíveis para o caso!!

— Anderson Torres (@andersongtorres) March 13, 2022

Mário Frias, Secretário Especial de Cultura, endossou a publicação de Torres: “Estamos fazendo o mesmo aqui na Cultura. Isso não pode continuar”. Diante da repercussão, houve também internautas que apontaram para uma possível retirada de contexto da cena e tentativa de desviar o foco do aumento do preço da gasolina, que recairia sobre o governo de Jair Bolsonaro.

Nunca, na minha vida, eu pensei que ia me dispor a defender qualquer coisa já feita pelo Danilo Gentili ou por uma grande empresa.
Mas como estão usando #PedofiliaNaNetflix como cortina de fumaça, provavelmente para o aumento da gasolina, bora de thread. pic.twitter.com/vYYXuHMenQ

— Nivea Alonso (twitch.tv/mardecontos) (@Ruiva_Incomum) March 14, 2022

 

Quando eu falo: “gente, eles vão tentar agitar com pauta de costumes, pânico moral, é filme da Netflix, é papo de ideologia de gênero, vão por uma melancia no pescoço” é por causa disso aqui: até os apedeutas ministeriais ficam loucos. A crueldade do preço na bomba se sobressai. pic.twitter.com/oCgqT9CTIE

— JaIrme's Elections Race (@jairmearrependi) March 14, 2022

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