Sete minutos de terror: entenda o momento crítico de missões em Marte

Robô Perseverance chegou à superfície do planeta vermelho na quinta-feira, 18; saiba os riscos durante o processo de pouso dos equipamentos

22:39 | Fev. 21, 2021

Nos chamados "sete minutos de terror", diversas etapas do pouso do robô Perseverance em Marte acontecem sem intervenção da equipe de controle da Nasa (foto: Divulgação/NASA)

A missão Mars 2020, da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) chegou a marte na última quinta-feira, 18, levando o robô Perseverance e o helicóptero Ingenuity. Foram sete meses de viagem e 470 milhões de quilômetros. No entanto, um dos momentos mais cruciais do trajeto acontece justamente no final do caminho: os chamados "sete minutos de terror", na hora do pouso.

Esta parte crítica, classificada como "entrada, descida e pouso" pode arruinar missões espaciais após milhões de dólares e dezenas de anos investidos em pesquisa. É, portanto, um momento de extremo nervosismo entre os cientistas no controle da missão.

No entanto, esta parte ocorre de maneira totalmente automatizada, sem que o controle da missão possa interferir. Isso acontece por que, como as informações levam alguns minutos para trafegar entre a Terra e Marte, não haveria como executar comandos em tempo real para garantir o pouso seguro.

Durante estes minutos, o veículo final é desanexado da nave que o carregou até Marte, e começa a entrada na atmosfera do planeta. A velocidade inicial é de 20 mil quilômetros por hora, e precisa ser reduzida a 2 km/h para um pouso seguro.

A parte inicial envolve o escudo de calor, uma parte da fuselagem feita com materiais e desenho específico para gerar atrito, diminuindo a velocidade da queda, e aguentar as altas temperaturas desta etapa.

Em seguida, o pára-quedas supersônico é ativado quando a descida já está mais devagar que no momento de entrada na atmosfera. Nesta altura, o escudo de calor é ejetado e o veículo pode usar câmeras para identificar sua localização exata na superfície do planeta.

Após isso, a parte com o pára-quedas é também ejetada, e foguetes embutidos em um drone terminam de reduzir a velocidadede descida. Quando o robô está a cerca de 20 metros do solo, cordas que o seguram descem do drone e o colocam no chão.

Por fim, o drone se distancia e o robô começa o caminho por solo até a cratera Jezero, que já abrigou um lago, onde realizará a coleta de amostras em busca de evidências se já houve vida em Marte.

Outros veículos espaciais chegaram a Marte esta semana

Além da missão da Nasa, expedições da Arábia Saudita ("Esperança") e da China ("Perguntas ao céu") também se aproximaram do planeta nos últimos dias. Ao contrário da Mars 2020, no entanto, estas são apenas sondas atmosféricas, e não descerão à superfície de Marte, enviando somente imagens aéreas.