Terapia genética inédita induz células de câncer a cometerem 'suicídio'
Nomeada 'terapia do gene suicida', a nova técnica permitiu modificar células de câncer de próstata para que o próprio corpo do paciente as matasse

Uma terapia genética inovadora, descoberta por cientistas americanos, promete uma revolução no tratamento do câncer.
Nomeada 'terapia do gene suicida', a nova técnica permitiu modificar células de câncer de próstata para que o próprio corpo do paciente as matasse, induzindo, portanto, o tumor a se autodestruir. As informações são da BBC Brasil.
O 'suicídio' das células se tornaria viável porque envolve a modificação genética de células cancerosas, que seriam reconhecidas como células inimigas. Logo, a partir da emissão de um 'sinal' ao sistema imunológico, as mesmas sofreriam um ataque em massa.
Em geral, o corpo não realiza tal reconhecimento e não reage, pois as células cancerosas se desenvolvem a partir de células saudáveis comuns, ao contrário do que ocorre durante uma infecção, por exemplo.
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A partir da pesquisa, foi ainda verificado um aumento de 20% no índice de sobrevivência de pacientes com câncer de próstata, após cinco anos de tratamento.
A eficácia da terapia, no entanto, deve ser melhor analisada, conforme relatou um especialista em câncer à BBC.
Diante do que o estudo indica, a 'terapia do gene suicida' combinada com a radioterapia, tem tudo para ser um tratamento promissor para o câncer de próstada, o segundo mais comum entre homens no Brasil.
Controvérsias
Brian Butler, integrante da equipe do Hospital Metodista de Houston, explicou que a descoberta pode mudar a forma como o câncer de próstata é tratado.
"Poderemos injetar o agente diretamente no tumor e deixar o corpo matar as células cancerosas. Uma vez que o sistema imunológico tenha conhecimento das células cancerosas, se elas voltarem, o corpo saberá como matá-las."
Kevin Harrington, professor de imunoterapia oncológica no Instituto para Pesquisa do Câncer, em Londres, por sua vez, reconhece que os resultados do estudo são "muito interessantes", mas reforçou a necessidade de maior aprofundamento nas pesquisas.
"Podemos precisar de um teste aleatório para mostrar se esse tratamento é melhor do que apenas a radioterapia. Os vírus usados nesse estudo não se reproduzem. A nova geração de terapias virais pode se replicar seletivamente em células cancerosas - algo que pode matar o câncer de forma direta - e também ajudar a espalhar o vírus para células cancerosas vizinhas", ressaltou.