Evandro e Elmano exaltam "avanços" no Plano Diretor de Fortaleza
Apesar dos destaques no aumento de áreas verdes e Zeis, prefeito e governador não responderam sobre empreendimento no Aeroporto de Fortaleza
14:57 | Nov. 28, 2025
A aprovação do Plano Diretor Participativo e Sustentável de Fortaleza na terça-feira, 26, foi celebrada pelo prefeito da Capital, Evandro Leitão, e pelo governador do Ceará, Elmano de Freitas, ambos do PT. O chefe do Executivo municipal apontou "diversos avanços" no documento se comparado ao anterior, de 2009.
"Na política, a gente tem que ter uma compreensão: não existe a política do ganha-ganha e nem do perde-perde. Nós temos que ganhar em alguma coisa e perder em outra. O importante é que no final nós tenhamos avanços", resumiu Leitão, em entrevista coletiva durante a entrega da obra de revitalização da Praça do Ferreira, no Centro.
Entre os dados apresentados à imprensa, o prefeito citou:
- ampliação de 2.917 hectares de áreas verdes no Macrozoneamento Ambiental Natural;
- aumento de 218% nas áreas de patrimônio histórico;
- expansão de 45 para 87 Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis);
- criação das Zeis tipo 4, para facilitar obras de infraestrutura em comunidades;
- aumento de 209 para 305 áreas estratégicas de combate ao déficit habitacional.
Na ocasião, Evandro e Elmano foram questionados sobre a liberação para construção de um centro logístico no Aeroporto de Fortaleza. No entanto, eles não responderam sobre esse ponto.
O governador comentou o assunto apenas no palco do evento, quando parabenizou o prefeito e os vereadores pela aprovação do Plano Diretor.
"Tem áreas da cidade que são onde o povo pobre mora. E como é que se chama essas áreas? Zonas Especiais de Interesse Social. E o que que a lei faz? Protege essas áreas para especulação imobiliária não expulsar os pobres. Sabe quantas áreas tem na Cidade? 45. Com o prefeito Evandro, não vão ser só 45 comunidades do povo pobre protegidas. De 45 passa para mais de 80 as comunidades do povo pobre protegidas", disse o petista.
Já Evandro, ao discursar, agradeceu nominalmente aos vereadores, pedindo "uma salva de palmas muito efusiva" para os parlamentares. "O Plano Diretor, que eu não tenho dúvida em dizer, que é o Plano Diretor que mais avanços essa Cidade tem em toda a sua história", reforçou.
Tensão na Câmara
A votação do Plano Diretor na Câmara foi marcada por um rito acelerado, protestos de movimentos sociais e reclamações de parte dos vereadores sobre pouca transparência no processo.
O dia da votação foi repleto de articulações intensas. Desde a véspera, manifestantes protestaram na Câmara contra mudanças no texto propostas por vereadores da base do prefeito Evandro Leitão. Houve mudanças importantes no projeto, inclusive de última hora. Já havia sido apresentado um chamado "emendão", proposta coletiva de alterações no texto que chegou à Câmara.
Na quarta, foi apresentado um segundo “emendão”, na forma de subemenda. O texto passou por análise de comissão especial antes de ir a Plenário. Na comissão houve protestos de manifestantes e de vereadores; apesar disso, o texto foi aprovado e seguiu o trâmite, sendo aprovado na mesma tarde em Plenário.
Primeiro foi votado o texto-base. Depois, as alterações propostas nas emendas. Na votação sobre o texto principal, os votos contrários foram dos vereadores da direita: os bolsonaristas Bella Carmelo (PL), Julierme Sena (PL) e Marcelo Mendes (PL), PP Cell (PDT), que anunciou que irá se filiar ao PL, além de Jorge Pinheiro (PSDB) e Soldado Noelio (União Brasil).
Apesar de terem votado a favor do texto principal, vereadores do Psol criticaram os “emendões” ao texto por descaracterizarem pontos antes previstos.
Em seguida, os vereadores votaram sobre os emendões, ponto de maior discussão do Plano. O placar, nesse caso, foi de 37 votos a favor e três contrários. Houve três vereadores que não votaram. Os votos contrários foram da bancada do Psol e da vereadora Mari Lacerda, do PT, partido do prefeito Evandro.
O que é o Plano Diretor?
Dentre outras questões, o Plano Diretor define o planejamento de uma cidade, regulamentando o uso e a ocupação do solo para garantir um desenvolvimento urbano organizado, sustentável e equilibrado.
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Ele estabelece diretrizes para áreas de moradia, comércio, indústria, lazer, infraestrutura e meio ambiente, orientando o crescimento da cidade e definindo regras para que esse crescimento atenda necessidades da comunidade, assegurando a qualidade de vida.