Deputado da base de Elmano, Gastão critica prisão de Bolsonaro e diz que STF foi "precipitado"
Luiz Gastão argumenta que violação da tornozeleira não indicaria fuga e que problemas de saúde justificariam manutenção da prisão domiciliar
10:38 | Nov. 25, 2025
O deputado federal cearense Luiz Gastão (PSD), integrante da base do governador Elmano de Freitas (PT), criticou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que decretou a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Embora não defenda as atitudes do ex-presidente, Gastão considerou a medida precipitada, mesmo reconhecendo que Bolsonaro errou ao tentar violar a tornozeleira eletrônica. O parlamentar voltou a defender a necessidade de pacificação na política nacional. Após a prisão, Gastão já havia manifestado solidariedade a Bolsonaro e classificado a decisão como “injusta”.
Prisão preventiva
Gastão avalia que não havia justificativa para tirar o presidente da prisão domiciliar. “Não havia necessidade. Ele (Bolsonaro) já estava em prisão domiciliar, já estava com vigilância permanente em função disso. Eu acho que (o STF) está extrapolando algumas questões. Eu acho que foi precipitado”, pontuou.
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Saúde debilitada
O deputado afirmou que os problemas de saúde de Bolsonaro deveriam ter sido considerados e que a prisão domiciliar já seria o suficiente. “Primeiro, o transitado não está terminado ainda, ainda está no processo. Ele já estava em prisão domiciliar", reforçou.
Gastão citou as questões de saúde do ex-presidente: "Ele tem uma deficiência e um problema de saúde em decorrência da facada, em decorrência de problemas sérios que vêm acompanhando essa questão da saúde. Então, você levar para uma prisão de forma antecipada, e submetendo a essa questão, eu acho que é desnecessária. Eu acho que não existia risco (de fuga)”, disse.
O parlamentar cearense lembrou o caso do também ex-presidente Fernando Collor de Mello, que cumpre prisão domiciliar.
“Color, por exemplo, foi condenado e está cumprido na prisão domiciliar. Eu acho que você não pode usar dois pesos e duas medidas. Acho que você tem que ter uma tranquilidade com relação a isso, até por conta de uma questão humanitária”, argumentou.
Liberdade de manifestação
Segundo Gastão, a prisão não deve impedir manifestações, como a vigília convocada por Flávio Bolsonaro (PL). Ele disse não ser eleitor do ex-presidente, mas defendeu a liberdade de opinião e de reunião. “Não vou questionar a questão da elegibilidade, não sou eleitor do Bolsonaro, mas eu acho que na política você tem que ter clareza com relação a essas questões", defendeu.
E continuou: "A democracia, acima de tudo, ela deve preservar a liberdade de opinião e manifestação. […] Então você presumir que uma vigília poderia ser um momento para uma fuga, eu acho que nós estamos extrapolando demais essas questões”.
Tornozeleira violada
Gastão reconheceu que Bolsonaro errou ao tentar violar a tornozeleira, mas discordou da interpretação de que haveria intenção de fuga.
“Com relação à violação da tornozeleira, eu acho que é um fato. (…) Agora, acho que isso também não seria para fugir, porque se ele quisesse fugir, era só cortar o lacre da tornozeleira e deixar ela fixa de qualquer jeito. (…) Acho que toda ação, ela corresponde a uma reação. E acho que talvez isso tenha sido a reação, mas acho que não há necessidade”, explicou.
O deputado reforçou a defesa do que chama de necessidade de distensionar o ambiente político. “O país precisa, antes de qualquer coisa, de pacificação, precisa de equilíbrio. Nós precisamos conduzir a coisa com mais equilíbrio”, finalizou.
Dosimetria/Anistia
O parlamentar também comentou sobre o projeto que prevê critérios de dosimetria para condenados pelos atos de 8 de janeiro, relatado pelo também deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade). Gastão disse aguardar o relatório final, mas repetiu que o País deve “virar essa página” de forma defintiva.
“Nós (PSD) somos um partido de centro. Nós defendemos o equilíbrio e acho que essa polarização, e essa busca mensurada para criminalização da política, é ruim para a própria política e para todos os políticos. […] É motivo para reflexão com relação ao papel justamente da política e o papel das discussões dos Poderes e da força de cada poder e dos contrapesos”, argumentou.