Lula pede fim das sanções, se dispõe a viajar para reunião presencial e convida Trump para a COP30
Presidentes do Brasil e dos Estados Unidos conversaram na manhã desta segunda-feira e planejam encontro pessoalmente. Lula pediu o fim do tarifaço e que Trump retire sanções contra autoridades brasileiras
18:14 | Out. 06, 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na manhã desta segunda-feira, 6. Lula pediu a retirada de sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras e se dispôs a viajar aos Estados Unidos para um encontro pessoal. Além disso, convidou o par americano para a Conferência climática (COP30), que ocorre em novembro, em Belém.
De acordo com nota publicada pelo Palácio do Planalto, a conversa ocorreu em "tom amistoso". Os dois líderes conversaram por 30 minutos e relembraram a boa química que tiveram em Nova York, por ocasião da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Ambos os presidentes reiteraram a impressão positiva daquele encontro.
Restauração das relações
O governo brasileiro descreveu o contato como uma oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente e recordou que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços.
Ainda segundo o Planalto, o presidente brasileiro solicitou a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras.
O presidente Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para dar sequência às negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), o chanceler brasileiro, Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
Novo encontro
Ambos os líderes acordaram encontrar-se pessoalmente em breve. O presidente Lula aventou a possibilidade da reunião ocorrer na Cúpula da Asean, na Malásia e reiterou convite a Trump para participar da COP30, em Belém (PA). Lula também se dispôs a viajar aos Estados Unidos para um encontro pessoalmente.
Os dois presidentes trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação, informou o governo brasileiro. A conversa foi acompanhada pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin; pelos ministros Mauro Vieira, Fernando Haddad, Sidônio Palmeira e pelo assessor especial Celso Amorim.
Tarifaço e sanções
Desde 6 de agosto, parte importante das exportações brasileiras para os Estados Unidos é objeto de uma tarifa total de 50%, em represália a uma suposta "caça às bruxas" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Trump.
Além disso, os Estados Unidos impuseram sanções consulares e financeiras a altos funcionários, em especial o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do julgamento contra Bolsonaro, condenado no mês passado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.
Esta é a primeira vez que Lula e Trump conversam após o retorno do republicano ao poder, em janeiro, e especialmente depois da crise diplomática e comercial desencadeada pela imposição do tarifaço aos produtos brasileiros.
Uma primeira aproximação ocorreu há duas semanas, quando Trump mencionou a "excelente química" entre os dois durante uma conversa à margem da Assembleia Geral da ONU.
No entanto, os Estados Unidos mantiveram a pressão sobre o Brasil nas últimas semanas, com as sanções consulares e financeiras a autoridades.
No dia seguinte ao breve encontro com Trump, Lula expressou otimismo quanto à resolução da crise bilateral. "Na hora que a gente tiver o encontro, eu acho que tudo isso ficará resolvido. E o Brasil e os Estados Unidos voltarão a viver em harmonia", declarou Lula em entrevista coletiva.
As tarifas punitivas de 50% impostas pelos Estados Unidos impactam severamente produtos dos quais o Brasil é o maior produtor e exportador mundial, como café e carne. O governo Lula quer adicionar produtos à lista de isenções, como suco de laranja e aviões.
"O governo brasileiro tem tido dificuldade em encontrar canais de diálogo com o governo americano", disse um diplomata europeu sob condição de anonimato.
"Mais do que diplomatas, foram grandes empresas brasileiras como a Embraer [terceira maior fabricante de aeronaves do mundo] e a JBS [maior produtora de carne do mundo] que pressionaram as autoridades americanas a mudar sua postura em relação ao Brasil", acrescentou.
Leia a íntegra da nota do Planalto
"O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu na manhã desta segunda-feira, 6 de outubro, telefonema do presidente Donald Trump, dos Estados Unidos. Em tom amistoso, os dois líderes conversaram por 30 minutos, quando relembraram a boa química que tiveram em Nova York por ocasião da Assembleia Geral da ONU. Os dois presidentes reiteraram a impressão positiva daquele encontro.
O presidente Lula descreveu o contato como uma oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente. Recordou que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços. Solicitou a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras.
O presidente Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para dar sequência às negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ambos os líderes acordaram encontrar-se pessoalmente em breve. O presidente Lula aventou a possibilidade de encontro na Cúpula da Asean, na Malásia; reiterou convite a Trump para participar da COP30, em Belém (PA); e também se dispôs a viajar aos Estados Unidos.
Os dois presidentes trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação. Do lado brasileiro, a conversa foi acompanhada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, os ministros Mauro Vieira, Fernando Haddad, Sidônio Palmeira e o assessor especial Celso Amorim".
Com AFP