Moraes rebate Fux e mostra vídeo de Bolsonaro com ataques a ministros do STF
Fux divergiu do relator e do ministro Flávio Dino, condenando apenas dois dos oito acusados e em apenas um dos cinco crimes imputados
16:55 | Set. 11, 2025
Durante o voto da ministra Cármen Lúcia, o relator Alexandre de Moraes pediu um aparte e rebateu o colega Luiz Fux. Ele reforçou a constatação de uma organização criminosa liderada por Jair Bolsonaro (PL) e apresentou vídeos de manifestações com discurso do ex-presidente. O vídeo, reproduzido na sessão, Bolsonaro faz falas contra o Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo Moraes, havia o objetivo de desacreditar o Judiciário. "É importante deixarmos muito claro que não foi um domingo no parque. Isso não foi um domingo no parque, nem um passeio na Disney. Foi uma tentativa de golpe de Estado. Não foi uma combustão espontânea, não foram baderneiros descoordenados, que ao som do flautista todos fizeram fila e destruíram a sede dos Três Poderes", rebateu Moraes.
Assista ao momento
Fux, que foi o terceiro a votar no julgamento de Bolsonaro e de outros sete réus por tentativa de golpe, divergiu do relator e do ministro Flávio Dino e condenou apenas dois dos réus, em um dos cinco crimes.
Na sessão desta quinta-feira, 11, Moraes disse que a organização criminosa, que seria liderada por Bolsonaro, tentou "simplesmente se apoderar do Estado" com o discurso de "desnaturar a questão democrática no sentido de deslegitimar as urnas, jogar o povo contra o Judiciário e a Justiça Eleitoral".
"Com dois objetivos claros, que não alcançaram, mas fizeram atos executórios e consumaram os crimes: Calar o Poder Judiciário para acabar com o sistema de freios e contrapesos, em especial o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e se perpetuar no poder independentemente de eleições".
Na ocasião, o relator também mencionou o chamado Punhal Verde Amarelo, plano que tinha ele como um dos alvos. "Se para isso precisasse matar um ministro do Supremo Tribunal Federal, envenenar um presidente da República, praticar peculato utilizando os poderes de estado, são crimes indeterminados, crimes para chegar ao seu objetivo".
E reforçou o papel de Bolsonaro na trama golpista: "Quem sempre foi, além de líder, o ponta de lança desse discurso populista que caracteriza as novas ditaduras no mundo todo foi Jair Messias Bolsonaro para desacreditar o Poder Judiciário".
"Se eu arquivasse, se eu curvasse a cabeça e covardemente aceitasse e passasse para outro relator, amanhã seria outro relator [alvo]. Ou seja, não é um crime contra o Alexandre de Moraes, é um crime contra o Estado Democrático de Direito".