Julgamento de Bolsonaro no STF pode gerar novas sanções de Trump ao Brasil
Governo brasileiro já se prepara para eventuais medidas dos EUA. O julgamento de Bolsonaro segue até o próximo dia 12, dividido em algumas sessões
10:10 | Set. 03, 2025
O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF) é um dos motivos para impulsionar sanções do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra autoridades brasileiras e contra o Brasil. A expectativa de aliados de Bolsonaro é de que com o curso do processo, novas medidas sejam tomadas pela Casa Branca, além de aumentar a pressão pela anistia aos que participaram do 8/1.
Iniciado na terça-feira, 2, o julgamento do ex-presidente e de outros sete réus acusados de integrar uma trama golpista para reverter o resultado das eleições de 2022, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o pleito nas urnas, é conduzido pela 1ª Turma do STF.
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Com o começo das oitivas, aliados de Bolsonaro que estão nos Estados Unidos, como o seu filho, o deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PL), e o empresário Paulo Figueiredo, esperam que outras sanções sejam aplicadas. Juntos, eles atuam na articulação para gerar medidas do governo dos EUA contra autoridades brasileiras.
O relator do caso na Suprema Corte, o ministro Alexandre de Moraes, é uma das autoridades que já recebeu punição do governo Trump por meio da Lei Magnitsky, norma criada para restringir pessoas consideradas violadoras graves dos direitos humanos.
Novas sanções
Um próximo relatório, em preparação pelos aliados do ex-presidente, deve ser entregue para interlocutores de Trump com detalhes sobre o comportamento de cada ministro no julgamento. Segundo a Folha de São Paulo, a análise do documento serviria para embasar novas sanções a ministros, além das impostas a Moraes.
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Até o momento, além de Alexandre, outros sete ministros do tribunal tiveram vistos suspensos pelos Estados Unidos: Luís Roberto Barroso; Edson Fachin; Dias Toffoli; Cristiano Zanin; Flavio Dino; Cármen Lúcia e Gilmar Mendes.
Ainda segundo a Folha de São Paulo, está no radar restringir o visto de mais autoridades do Brasil, além da aplicação de punições financeiras. Outro ponto, seria a suspensão de alguns dos 700 produtos que foram exceções concedidas ao Brasil pelo governo de Trump, quando aplicou o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros que chegam aos EUA.
Governo se prepara
Donald Trump chegou a se referir ao caso de Bolsonaro como uma "caça às bruxas". A reação do presidente dos EUA deixa o governo brasileiro em alerta para novas ofensivas. O governo Lula avalia que novas medidas podem ser impostas diante do julgamento do ex-presidente Bolsonaro.
Um mecanismo que pode ser usado pelo Brasil é a aplicação da Lei da Reciprocidade, que permite ao país reagir a aumentos de tarifas ou sanções comerciais impostas por outros países. Entre as medidas de retaliação do governo brasileiro, estariam ações que compreendem propriedade intelectual, envolvendo a quebra de patentes de remédios, e a tributação de aplicativos de streaming.