Defesa de Mauro Cid nega coação e pede manutenção de delação premiada ao STF

Advogado afirma que ex-ajudante de ordens de Bolsonaro colaborou de forma espontânea e rebate acusações de vazamento à imprensa

16:37 | Set. 02, 2025

Por: Marcelo Bloc
Advogado de Mauro Cid realiza sustentação oral defronte ministros do STF (foto: STF)

Dando sequência ao primeiro dia do julgamento do “núcleo crucial” da tentativa de golpe, iniciado com as falas do relator Alexandre de Moraes e do procurador-geral da República, Paulo Gonet, os trabalhos foram retomados na tarde desta terça-feira, 2, com o início das sustentações das defesas dos acusados.

A primeira defesa a se manifestar foi a do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), réu e delator no processo em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). O advogado Jair Alves Pereira abriu sua fala negando que o cliente tenha sofrido qualquer tipo de coação para prestar depoimentos ou alterar versões anteriores.

Ele apresentou Cid como um oficial com mais de 30 anos de serviço no Exército Brasileiro e extenso currículo militar e acadêmico, destacando que sua trajetória não se resume ao papel de delator ou ex-assessor da Presidência.

Pereira frisou que a delação já foi validada em diferentes fases do processo e refutou alegações de que Cid teria sido pressionado. Segundo ele, o réu chegou a divergir da interpretação do delegado responsável e apresentou sua própria versão dos fatos.

“Qual é o delegado que não tem uma linha de investigação? Se eu não concordo com o relatório, e de fato não concordo, isso não significa que houve coação ou ilegalidade”, afirmou. O advogado também ressaltou que Cid jamais foi ouvido sem a presença de sua defesa. “Se isto não é o respeito ao devido processo legal, então eu estudei errado”.

Sobre acusações de que o cliente teria vazado trechos de suas delações à imprensa, Pereira negou, afirmando que não há provas de tal conduta e que isso não compromete a validade do acordo.

Ele acrescentou que Cid não tinha conhecimento de planos golpistas, lembrando que, à época, já havia sido indicado para um cargo no governo de Goiás e inclusive havia alugado uma residência no estado. "Mauro Cid apresentou fatos que foram confirmados em juízo, pelo menos os principais. Sua colaboração é sólida e deu sustentação à denúncia".

Por fim, pediu a manutenção do acordo de colaboração premiada “com todos os benefícios ajustados nos termos das alegações finais”.

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