Entenda o caso do soldado de Israel que virou alvo da Justiça brasileira

Justiça do Brasil ordenou que a Polícia Federal investigasse um soldado israelense que estava em solo brasileiro

Um caso que envolve um soldado de Israel e a Justiça brasileira tem abalado as relações entre o governo Lula e israelenses. Isso porque o militar, que estava em solo brasileiro, foi denunciado por supostos crimes de guerra por uma organização internacional.

Identificado como Yuval Vagdani, o cidadão israelense chegou ao Brasil ainda em dezembro, para uma temporada de férias com amigos. Eles estavam em Morro de São Paulo/BA.

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Ao tomar conhecimento da presença de Vagdani no país, a Fundação Hind Rajab (HRF) acionou a Justiça local e pediu investigação contra o militar. Ele é acusado de participar da destruição de um bairro completo na região conhecida como corredor Netzarim, na Faixa de Gaza.

Segundo a organização, que atua internacionalmente denunciando crimes cometidos contra palestinos, a ação teria acontecido fora de situação de combate e teve a “intenção deliberada de causar prejuízos indiscriminados à população civil”. Nos autos judiciais do caso, a HRF teria anexado uma série de provas para sustentar a acusação, recolhidas com base em um trabalho de investigação feita com inteligência de fontes abertas.

Na época, Vagdani fez postagens em redes sociais celebrando as ações israelenses no enclave palestino, que já provocaram milhares de mortes na região.

Pedido de investigação

O pedido para que a Polícia Federal (PF) iniciasse investigação contra Vagdani foi emitido pela juíza federal Raquel Soares Charelli, da Seção Judiciária do Distrito Federal, durante o plantão de 30/12/2024. A decisão se baseia no fato de que o Brasil é signatário do Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional (TPI).

Além da investigação, a HRF queria que a Justiça expedisse mandado de prisão provisória do homem, por risco de fuga ou destruição de provas. No entanto, o pedido não foi deferido pela Justiça a tempo.

Fuga

Com a repercussão do caso, Vagdani deixou o Brasil antes que pudesse ser alvo de diligências da PF. Segundo a imprensa israelense, um amigo do militar teria recebido mensagem de uma representação diplomática de Israel informando sobre o caso. O soldado, então, deixou o território brasileiro e chegou ao seu país natal nas primeiras horas de domingo (5/1). Até o momento, ainda não estão claras sob quais circunstâncias Vagdani deixou o Brasil.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel, no entanto, afirmou que acionou sua embaixada no território brasileiro para acompanhar o caso até a “rápida e segura partida” do militar do Brasil.

Reação de Israel

Por meio de sua representação diplomática no Brasil, o governo de Israel criticou a decisão da Justiça brasileira e afirmou que Israel "está exercendo seu direito à autodefesa após o massacre brutal cometido pelo Hamas em 7 de outubro de 2023".

A embaixada israelense em Brasília disse que "os verdadeiros perpetradores de crimes de guerra são as organizações terroristas, que exploram populações civis como escudos humanos e utilizam hospitais e instalações internacionais como infraestrutura para atos de terrorismo direcionados a cidadãos israelenses".

O Parlamento israelense também se envolveu na questão. Em uma publicação no X, o congressista Dan Illouz ameaçou o Brasil por causa da decisão contra o soldado das Forças de Defesa de Israel (FDI). "Israel não ficará de braços cruzados diante da perseguição de seus soldados, e se o Brasil não corrigir seus hábitos, pagará um preço", escreveu o parlamentar.

Ainda acordo com a mídia israelense, uma reunião emergencial no Comitê de Relações Exteriores e Defesa do Parlamento de Israel foi agendada para esta segunda-feira, 6, com o objetivo de discutir o caso envolvendo a Justiça do Brasil e o soldado das FDI.

Assista matéria sobre o caso, clique no player abaixo:

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