Vice de Heitor Freire em 2020 foi suspensa de curso da AESP após aluna denunciar agressão
O suspeito das agressões, um instrutor da Polícia Militar de Tocantins, foi afastado do curso
17:30 | Jun. 27, 2023
A coordenadora e a sargento da Polícia Militar (PMCE) que atuavam no treinamento em que uma aluna denunciou agressões foram suspensas de suas funções à frente do Curso Tático Policial Feminino (CTAP). Um dos nomes das profissionais é Laurice Sinara Moura Maia, sargento da corporação, e que integrou a chapa de Heitor Freire, na época pelo PSL, na disputa pela Prefeitura de Fortaleza.
A policial se apresentava como Cabo Maia e tomou notoriedade por ser a primeira mulher a concluir o superexigente curso do Comando Tático Rural (Cotar), uma das unidades de elite da PM cearense. A chapa teve pouco mais de 21 mil votos, em torno de 1,66%, na corrida eleitoral que terminou com a eleição de José Sarto (PDT). Os dois contavam com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem Heitor tinha proximidade em pautas ideológicas.
O pedido aconteceu no dia 22 de junho, alguns dias antes da conclusão do curso no último domingo, 25. Há em curso uma investigação na Delegacia da Mulher para apurar a denúncia que uma policial civil no Maranhão de que teria sido agredida com uma ripa de madeira durante o curso ministrado por meio da Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará (AESP). Ação teria deixado diversos hematomas nas nádegas da agente.
"Essa agora sou eu vítima de um macho escroto que se diz instrutor de curso. Um cabo da Polícia Militar do Tocantins, que mesmo depois do ocorrido, está sendo ovacionado pela sua instituição e por todos os que participaram do curso”, escreveu a mulher nas redes sociais ao publicar fotos das supostas agressões.
No dia 20 de junho, a delegada Giselle Oliveira Martins pediu informações relacionadas ao curso e solicitou que a hoje sargento se apresentasse na unidade da corporação para prestar depoimento. No dia 22, foi publicada a determinação para o afastamento cautelar da sargento e da capitã Maria Freitas, coordenadora-geral do curso, ambos assinados pela diretora da instituição.
Conforme apurou O POVO, Maia é apontada pela vítima de estar presente durante as agressões e não intervir. Ela e o agente que teria cometido as agressões estariam em um relacionamento, o que chegou a ser perguntado, em depoimentos, para algumas das testemunhas. As agressões teriam sido motivadas pelo sumiço de um pedaço de pizza.
Daniel Maia, advogado de defesa dos militares, explica que a suspensão aconteceu apenas em nível do curso e eles seguem em suas funções normalmente. Ele peticionou um requerimento pedindo que a delegada ouça alunas.
“Algumas testemunhas que foram também alunas do mesmo curso e que desmentirão a versão da vítima”, ressaltou ao O POVO. Eles alegam que ela caiu em uma das tarefas, que seria a de descer de um caminhão em movimento com um escudo nas mãos.
Quatro testemunhas já prestaram depoimento na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), em Fortaleza, na última sexta-feira, 23, sobre a denúncia de agressão. Após a repercussão, o governador Elmano de Freitas (PT) determinou a troca no comando da Aesp, substituindo Clauber Wagner Vieira de Paula por Kilderlan Nascimento de Souza.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social, a agente do Maranhão pediu desligamento do curso e foi designada uma equipe para acompanhá-la ao estado de origem. O suspeito das agressões, um instrutor da Polícia Militar de Tocantins, foi afastado do curso.
A pasta ainda reforçou que a Controladoria Geral de Disciplina (CGD) tem a função de investigar e garantir o devido processo legal e proporcionar a segurança jurídica da avaliação da conduta e correição preventiva de servidores. A CGD determinou imediata instauração de procedimento disciplinar para devida apuração na seara administrativa disciplinar.