Mayra Pinheiro combinou perguntas da CPI com senadores governistas

Mayra Pinheiro, secretária da Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, é defensora do uso da cloroquina e do chamado tratamento precoce contra a Covid-19 — ineficazes contra a doença

23:47 | Jul. 21, 2021

MÉDICA cearense Mayra Pinheiro (foto: EVARISTO SA / AFP)

Atualizada ás 9h33min de 22/07/2021

A médica Mayra Pinheiro, conhecida como "Capitã Cloroquina", enviou perguntas a senadores governistas para que eles a questionassem durante seu depoimento para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Atual secretária da Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra pediu que fossem feitas perguntas sobre a sua formação e os esforços da pasta no combate à Covid-19.

As informações, divulgadas pelo site The Intercept, foram extraídas de vídeo obtido pela CPI na quebra de sigilo da servidora. O link da conversa, com o epidemiologista Regis Bruni Andriolo, que também é defensor do tratamento precoce, estava em um e-mail encaminhado a Mayra.

Hoje tem vídeo exclusivo no Cama de Gato envolvendo Mayra Pinheiro, a “Capitã Cloroquina”. Aqui um aperitivo para vocês... Prepare a pipoca.

Veja o material completo hoje, ao vivo, às 19h30 em nosso YouTube. https://t.co/80u9swfbF1 pic.twitter.com/WbmmhxyiYc

— The Intercept Brasil (@TheInterceptBr) July 21, 2021

“A gente tem um grupo que nos apoia, que reconhece o nosso trabalho. E esse grupo precisa fazer perguntas no direito que eles têm de interrogar o depoente que nos ajudem no nosso discurso. Então, que pergunta eu posso dar para esses senadores fazerem a mim? Eles chutam para eu fazer o gol”, disse Mayra.

Durante a CPI, Mayra garantiu o direito de não responder a questionamentos sobre fatos ocorridos entre os últimos meses de dezembro e janeiro: época do colapso na saúde do Amazonas. Após seu depoimento, ela foi elogiada tanto por bolsonaristas do Ceará como pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Sindicalista e ex-candidata tucana, Mayra simpatizava e mantinha proximidade com o então deputado federal Jair Bolsonaro. Com a eleição de 2018, ela entrou no governo Bolsonaro por uma espécie de “cota” reservada ao movimento médico apoiador do presidente desde a época da campanha eleitoral. Com a pandemia do coronavírus, Mayra se agarrou à cloroquina e à efetividade do “tratamento precoce”.

O POVO entrou em contato com a assessoria de imprensa de Mayra Pinheiro nesta quinta-feira, 22. Cumprindo agenda em Salvador, na Bahia, a médica não estava disponível para entrevista no momento. Questionamentos sobre a veracidade do vídeo e o envio prévio das perguntas a senadores estão entre as demandas enviadas.