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Varjão, da OAS, e Mario de Queiroz Galvão, da Galvão, estão entre presos pela PF

17:55 | 11/12/2015
O presidente da OAS, Elmar Varjão, e o membro do conselho de administração do Grupo Galvão Mario de Queiroz Galvão estão entre os quatro executivos presos temporariamente nesta sexta-feira, 11, pela operação Vidas Secas da Polícia Federal que apura as suspeitas de desvio de R$ 200 milhões em dois lotes da transposição do Rio São Francisco. Como são temporárias, as prisões têm prazo de cinco dias, podendo ser prorrogadas por mais cinco ou convertidas em preventiva por determinação da Justiça.

A prisão de Varjão ocorre quatro meses após o ex-presidente da OAS, José Adelmário Pinheiro Filho, conhecido como Leo Pinheiro, ser condenado a 16 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa no esquema de corrupção na Petrobras. Como Leo Pinheiro foi preso em novembro do ano passado, já é o segundo presidente da empreiteira preso por suspeita de envolvimento em esquema de desvio de dinheiro em um ano e 24 dias.

As investigações da Polícia Federal também atingem em cheio o Grupo Galvão. Mario de Queiroz Galvão foi preso nove meses após seu irmão e então presidente do conselho de administração do grupo Dario de Queiroz Galvão Filho ser detido pela Lava Jato, em março deste ano. No dia 2 de dezembro deste ano, o juiz Sérgio Moro condenou Dario a 13 anos e dois meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa

Após serem detidos e denunciados na operação, Leo Pinheiro e Dario Galvão se afastaram de seus cargos, suas empresas entraram em recuperação judicial e diminuíram suas carteiras de contratos. No caso da OAS, o cargo de presidente foi assumido por Elmar Varjão.

Nesta manhã, contudo, Varjão e Mario de Queiroz Galvão foram detidos pela Polícia Federal por suspeita de desvios em obras de dois lotes da transposição do Rio São Francisco, entre o sertão de Pernambuco e a Paraíba.

Além dos dois, também foram detidos o executivo da Galvão Engenharia Raimundo Maurílio de Freitas e o executivo Alfredo Moreira Filho, executivo da Barbosa Mello, o que a empreiteira nega.

Operação

Conduzida pela Polícia Federal em Recife, a investigação deflagrada nesta manhã apura as suspeitas de desvio em um contrato de R$ 680 milhões do Ministério da Integração Nacional com o consórcio formado por OAS, Galvão Engenharia, Barbosa Mello e Coesa. As investigações mostraram que essas empresas receberam verba do ministério para as obras e repassaram cerca de R$ 200 milhões para as empresas de fachada dos doleiros Alberto Youssef e Adir Assad, já condenados na Lava Jato por lavarem dinheiro e operarem o pagamento de propinas no esquema de corrupção na Petrobras.

Iniciada no ano passado, a operação partiu de informações do Tribunal de Contas da União (TCU) e Controladoria-Geral da União (CGU). Após um compartilhamento de informações com a Operação Lava Jato, a PF constatou uma movimentação de dinheiro do Ministério da Integração para contas das empreiteiras e, posteriormente, para empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef.

Ao todo cerca de 150 policiais federais cumpriram nesta manhã 32 mandados, sendo 24 de busca e apreensão, quatro de condução coercitiva e quatro de prisão temporária nos Estados de Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e em Brasília.

Outro lado

A reportagem encaminhou e-mail para a assessoria de imprensa da OAS, mas ainda não obteve retorno. O telefone da assessoria da empresa não atende.

Em nota, a assessoria do Grupo Galvão informa que a empresa ainda não tomou conhecimento dos detalhes da investigação e que "tem o compromisso de colaborar com o poder público para que tudo seja esclarecido da melhor forma possível".

O Ministério da Integração Nacional informou que "não comenta investigações em curso".

O criminalista Antonio Augusto Figueiredo Basto, que defende Youssef, afirmou que ainda não teve acesso às investigações do caso e que "a defesa de Alberto Youssef só vai comentar depois de estudar o processo".

O criminalista Miguel Pereira Neto, defensor de Adir Assad, disse que ainda não tomou conhecimento dos detalhes da investigação que deu base à Vidas Secas, missão da Polícia Federal. "Depois que tivermos acesso aos autos é que poderemos nos manifestar", disse.

O advogado Leonardo Bandeira, responsável pela defesa da Barbosa Mello, afirmou que nenhum diretor ou executivo da empresa foi preso ou conduzido para depor e que nem a empresa nem seus executivos foram alvos de buscas nesta manhã. Segundo o defensor, "a empresa ainda está tomando conhecimento do caso".

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