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Haddad agora faz investida na periferia

08:35 | 15/11/2015
Quando o prefeito Fernando Haddad chegou à unidade do Itaim Paulista do Hospital Hora Certa, extremo zona leste, às 11h45 de anteontem, 13, o secretário municipal de Saúde, Alexandre Padilha, já estava no local havia mais de um hora. Ele chegara antes para preparar o terreno e conversar com os pacientes que esperavam atendimento médico.

A ideia era blindar Haddad de possíveis inconvenientes. Mesmo assim, Padilha acabou se envolvendo em um bate-boca com um homem que tentava marcar consulta com o urologista e aproveitou a visita ilustre para reclamar do "sistema de saúde". "Conheço muita gente do PT. Deus me livre de votar nesse partido de novo", afirmou o homem, que se identificou apenas como Antônio.

Minutos depois foi a vez do próprio Haddad passar por um constrangimento. "Prefeito, quando o senhor vai mandar algum médico para (a unidade de saúde) Nova Curuçá?", questionou uma senhora. "Como assim? Não tem nenhum médico lá? Não é possível", respondeu Haddad.

"Deve estar faltando em alguma especialidade, mas mandamos dois do Programa Mais Médicos para lá", completou Padilha. "Não fale assim que fica a impressão de que não tem médico nenhum lá", disse o prefeito. "Mas não tem mesmo", retrucou a mulher.

Casos como esses ilustram a dificuldade de Haddad. Segundo as mais recentes pesquisas, o prefeito tem suas piores taxas de aprovação e de intenção de voto na periferia paulistana. Na outra ponta, os melhores índices dele estão na região central, onde vivem os eleitores com maior renda e escolaridade.

Conforme mostrou o Estadão em julho, Haddad havia cumprido apenas uma de cada quatro metas de campanha. Para a periferia, por exemplo, o prefeito assumiu o compromisso de construir três hospitais. As unidades de Parelheiros (zona sul) e Brasilândia (zona norte) tiveram as obras iniciadas somente neste ano. Também há promessas não cumpridas na periferia nas áreas de educação e urbanismo.

Aritmética

Na região central, no entanto, Haddad adotou políticas públicas que caíram no gosto da classe média, como as ciclovias, o fechamento da Avenida Paulista aos domingos e a redução da velocidade nas vias públicas, especialmente nas marginais.

Mas o problema eleitoral é, antes de tudo, aritmético: há mais eleitores na periferia do que na áreas centrais. Portanto, se quiser chegar com melhores chances em 2016, ele terá de rever essa situação, o que, para o PT, é possível. Para isso, o prefeito investe agora num novo estilo de administração, trocando o gabinete e jeito mais acadêmico pelo contato direto com a população.

"Você tem esse jeito de �coxinha do bem�, mas, se pensa que esse pessoal da Avenida Paulista vai garantir sua reeleição, está enganado", disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Haddad em uma conversa presenciada por petistas.

"A perda desse eleitorado dele na periferia se deve muito à falta de investimento e ao não cumprimento de promessas dele na periferia. A cidade é muito maior do que as ciclovias. Não dá para governar com pirotecnia, como fechar a Paulista ou coisas do tipo", diz a ex-prefeita Marta Suplicy (PMDB), ex-petista que vai bem, segundo as pesquisas, nas áreas periféricas de São Paulo.

Por causa dessa dificuldade, Haddad tenta dar alguma prioridade aos extremos da cidade. Ele criou o programa "Prefeitura nos Bairros", fruto da pressão do PT e de Lula para que o prefeito reconquiste mais votos em periferias. "Nunca se investiu tanto na cidade de São Paulo, mas podíamos estar investindo mais. No ano passado, foram R$ 4, 2 bilhões. Nenhum prefeito antes de mim investiu R$ 4,2 bilhões", afirma Haddad.

Reeleição

O prefeito promete cerca de 300 inaugurações até o final do ano, quase todas na periferia. Na lista estão dois hospitais, 16 Unidades Básicas de Saúde, 10 Unidades de Pronto Atendimento, 41 creches, 15 escolas, oito corredores de ônibus, serviços de urbanização em 108 favelas e dezenas de obras de infraestrutura como prolongamento de avenidas, parques, pontes, viadutos e canalização de córregos. A arrecadação até outubro deste ano foi de R$ 33,1 bilhões contra R$ 31,8 bilhões no ano passado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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