Promessa não cumprida dá condenação a Russomanno
A condenação ocorreu na primeira instância em novembro. Na sentença, a juíza Ana Cláudia Dabus decidiu que Russomanno, a RedeTV! e três empresas devem pagar R$ 40 mil à família. O candidato e os outros réus apelaram à segunda instância, que ainda não se pronunciou sobre o caso. Os advogados da família também recorreram, a fim de aumentar o valor da indenização.
O caso teve início quando Otacília da Silva Moraes, avó do garoto Alexandre Silva Moraes, procurou o programa que o então deputado apresentava na TV para pedir uma ajuda ao neto, que apresentava um desvio no tórax, tinha problemas na coluna e precisava de um tratamento de hidroterapia. Funcionária pública em Barueri, Otacília era a única integrante de uma casa de dez pessoas que estava empregada. Responsável por manter a casa, não tinha condições de pagar a terapia para o neto.
Na televisão, além de levar ao quadro a V & A Representante Autorizado Trasmontano, que ofereceu o tratamento de hidroterapia ao garoto, Russomanno apresentou duas empresas que ofereceram emprego à mãe do garoto, Sueli Silva, e a um tio, Sérgio Aparecido Ramos.
"Quero anunciar para todo o Brasil que você é a nova recepcionista na zona oeste de São Paulo", afirmou o representante da Microlins. Russomanno emendou: "Parabéns, parabéns pelo seu novo emprego e vai, vai...passar o Natal agora já empregada, né?", conforme foi transcrito na sentença judicial. O funcionário da Microlins dá um cartão da empresa a Sueli com a promessa de que ela começaria a trabalhar na segunda-feira seguinte. Ele faz propaganda da empresa e deixa o telefone de contato.
O mesmo tratamento foi dado ao tio do garoto pela empresa Rede Auto Posto Lava Bem, que ofereceu trabalho a Ramos.
Contudo, as promessas nunca se concretizaram. Nem Alexandre conseguiu o tratamento, nem seus familiares conseguiram os empregos anunciados.
Para a juíza, Russomanno e a RedeTV! beneficiaram-se "das promessas realizadas, utilizando-se dos autores para captação de clientela e de audiência para o programa televisivo, devendo arcar, de maneira solidária, com o prejuízo extrapatrimonial experimentado".
Avó
A ajudante de limpeza Sueli Silva, a quem a Microlins ofereceu um emprego de recepcionista no programa de Russomanno, se disse feliz com a condenação judicial. "Ele tinha que pagar de qualquer jeito, né? Enganando as pessoas desse jeito, ganhando muito dinheiro em cima. Tem que aprender a não se aproveitar mais das pessoas, né?", disse Sueli, que mora na periferia de Sorocaba (SP), em local onde não há asfalto e nem saneamento básico. Otacília, avó de Alexandre, afirmou: "É bom pra ele parar de fazer a gente de bobo. A gente foi usada. Foi uma frustração. Você entra num desespero sabendo que tem uma coisa com que contou e perdeu. Se não quisesse ajudar, não ajudasse".
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo