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Novo dirigente da SIP diz assumir em 'momento perigoso'

17:42 | 16/10/2012
Em cerimônia de encerramento da 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), o recém-nomeado presidente do organismo, Jaime Mantilla, ressaltou a necessidade de luta constante pela liberdade de expressão, principalmente em países com governos que dificultam o livre trabalho jornalístico. O jornalista equatoriano, do jornal Hoy, de Quito, participou por meio de videoconferência do encerramento, que aconteceu nesta terça-feira no hotel Renaissance, em São Paulo.

"Assumo esta presidência em um momento perigoso", afirmou, dizendo que as tentativas de "tornar uniforme o pensamento de cidadãos livres" têm aumentado e os cerceamentos tendem a se generalizar. O jornalista equatoriano foi condenado, no final de 2011, a três meses de prisão pela publicação de artigos contra o presidente do Banco Central, Pedro Delgado, primo do presidente Rafael Correa. Posteriormente, Delgado desistiu do processo. Hoje, Mantilla ressaltou que a SIP tem o compromisso de defender o direito à livre expressão e por isso deve trabalhar de forma ágil e produtiva. "Vamos unir esforços e reestruturar algumas comissões para que (as ações) sejam coordenadas", declarou, acrescentando ser necessário otimizar os recursos disponíveis.

O novo presidente da SIP afirmou que, à frente da SIP, vai se inspirar em preceitos definidos décadas antes por Albert Camus. Segundo ele, Camus havia afirmado que é necessário ter lucidez, ironia, obstinação e "rechaço". "Lucidez para não publicar o que possa incentivar o ódio. Rechaço porque nenhuma imposição fará com que o jornalista honesto seja desonesto. A ironia segue sendo uma arma contra os extremamente poderosos, e a obstinação coloca-se a serviço da objetividade e da tolerância."

Mantilla aproveitou seu pronunciamento para mencionar os nomes do conselho de diretores da sua gestão. Segundo ele, é também necessário aumentar o número de sócios da SIP no Brasil e nos Estados Unidos.

A assembleia da SIP aconteceu entre os dias 12 e 16 e abordou temas como a convergência das novas tecnologias e a mídia tradicional, o futuro do jornal em papel e as ameaças à atividade jornalística pelo crime organizado. O evento divulgou ainda um relatório inédito da SIP sobre a realidade da censura à imprensa.

Representantes do jornal espanhol El País estiveram presentes na assembleia para debater a questão da adaptação do jornalismo aos novos tempos frente à crise econômica. O New York Times também participou do encontro, discutindo o futuro do jornalismo na era digital.

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