Índios protestam contra despejo de fazenda em Naviraí
Os índios, segundo os organizadores do movimento, decidiram resistir à ordem de desocupação e ameaçam, como último recurso, partir para o suicídio coletivo, uma tática usada no passado. A ameaça dos índios foi comunicada ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que determinou providências urgentes à Funai. Nesta sexta-feira, uma comitiva, comandada pelo líder do PV na Câmara, deputado Sarney Filho (MA), levou o caso também ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ayres Britto.
Dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) indicam que, entre 2003 e 2011, foram mortos 503 índios no País, vítimas de violência fundiária. Desse total, 279 são do povo guarani-caiová, que há mais de 50 anos teve suas terras invadidas no Mato Grosso do Sul por projetos de colonização agrícola e, deste então, vive em conflito pela homologação e demarcação de suas reservas.
Recentemente, um grupo de 170 índios ocupou uma área na Fazenda Cambará, que eles alegam pertencer à etnia. Mas, no início deste mês, a Justiça Federal de Naviraí concedeu liminar determinando a desocupação da área. Desde então, eles passaram a discutir o suicídio como protesto, segundo alertou Sarney Filho. "Expliquei a gravidade do assunto e das sucessivas agressões aos guarani-caiová, que os levaram a fazer do suicídio uma prática comum entre eles e que agora 170 pessoas ameaçam tirar a própria vida", enfatizou.
Em nota, a Funai informou que adotou todas as medidas legais para reverter a decisão judicial e que não há data definida para cumprimento da liminar. Disse que o risco de suicídio coletivo não é confirmado pelos índios que ocupam a fazenda e que mantém uma equipe acompanhando a situação no local, sob supervisão da Coordenação Regional do órgão em Ponta Porã. O recurso da Funai para derrubar a liminar foi interposto no Tribunal Regional da 3ª Região, em São Paulo.