Campos ameaça reeleição de Dilma, diz revista britânica
Em uma retrospectiva da gestão de Eduardo Campos, a The Economist avalia que a política industrial adotada por ele em seu governo é uma das razões de seu sucesso. "Enquanto o resto do Brasil se preocupa com a desindustrialização, Pernambuco não: desde que Campos tornou-se governador, em 2007, a fatia da indústria na economia do Estado aumentou de 20% para 25%, e vai atingir 30% em 2015, segundo dados do próprio governador", aponta a revista. "Esse 'boom' trouxe praticamente o emprego pleno àquele Estado, ao mesmo tempo que também trouxe escassez aguda de mão de obra", diz, complementando que já há projetos para melhorar a educação profissional da população, mas que essa é uma das fragilidades naquele Estado.
A revista afirma ainda que o aumento nos salários recebidos pela população - conquista atribuída ao governador pela revista - auxiliou a chegada de investimento privado em Pernambuco. "A Fiat está prestes a começar o funcionamento de uma fábrica ao lado da principal estrada no norte de Recife. Fábricas de comida, roupas e calçados estão chegando ao interior pobre do Estado", afirma.
A vitória de seu partido nas eleições municipais - quando o PSB tornou-se o quinto partido com o maior número de prefeituras sob seu comando e o quarto com o maior número de habitantes governados - é apontada como outro fator de ele ter se tornado uma ameaça à reeleição da presidente Dilma. "Por enquanto, a aposta se pagou. Campos se reelegeu em 2010 e seu Partido Socialista Brasileiro (PSB) se deu bem nas eleições municipais deste mês, em Pernambuco e outras cidades", cita a reportagem.
Como contraponto, a revista afirma que Campos ainda não solucionou questões relacionadas à pobreza em Pernambuco. "Ao lado dos residenciais opulentos construídos diante das suas praias ornadas com palmeiras, Recife tem 600 favelas e as suas lagoas são fétidas com esgoto sem tratamento", diz a The Economist.
É ressaltado também o passado político de sua família, com seu avô, o ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes. A revista britânica diz ainda que muitos o criticam por ser uma "versão moderna dos antigos coronéis", destacando que "algumas pessoas" dizem que ele "não desafiou a antiga ordem rural, trocando apoio por empregos e favores, além de congelar os dissidentes".
De acordo com a The Economist, o antecessor de Campos no governo, Jarbas Vasconcelos, já teria deixado as bases do "renascimento" de Pernambuco. "Ele teve sorte porque seu antecessor - menos alardeado - lançou as bases do renascimento de Pernambuco. Ele se apoiou nisso para modernizar o Estado", conclui a reportagem.