Corrupção de Costa Neto está comprovada, diz relator
Barbosa também concordou em considerar culpado o ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas. No início do voto, o ministro sinalizou que também votará pela condenação do ex-vice-presidente do partido Bispo Rodrigues (RJ) no processo. Para Barbosa, Valdemar e Bispo Rodrigues receberam recursos do esquema de montado pelo publicitário Marcos Valério, a pedido do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares, mais de R$ 10 milhões para dar suporte político ao governo Lula nos anos de 2003 e 2004 em votações na Câmara dos Deputados.
O relator disse que a defesa de Valdemar não comprovou que os repasses recebidos do "valerioduto" teriam como objetivo quitar despesas da campanha de 2002. De acordo com Barbosa, Jacinto Lamas, que recebeu a maior parte dos recursos para o PL, sempre entregava o dinheiro para o presidente do partido. Lamas, disse o relator, não soube dizer como Valdemar utilizou os recursos.
O ministro ressaltou que o ex-presidente do PL afirmou, em interrogatório à Justiça, que os deputados do partido não queriam a aliança com o PT na primeira campanha que sagrou Luiz Inácio Lula da Silva vitorioso. Na ocasião, o PL indicou o candidato a vice-presidente na chapa, o empresário José Alencar.
Na eleição de 2002, vigorava a regra da verticalização eleitoral, segundo a qual os partidos que se coligarem nacionalmente eram obrigados a firmarem alianças nos Estados. O ministro lembrou que, em um depoimento, Bispo Rodrigues chegou a afirmar que o PL não queria apoiar a candidatura de Lula. Para Barbosa, os repasses à cúpula do PL serviram como uma espécie de "capital" para garantir apoio da bancada para apoiar o PT no Congresso.
O relator ressaltou que houve uma concentração dos repasses no período das votações das reformas tributária e previdenciária. No caso da votação do segundo turno da reforma tributária, em 24 de setembro de 2003, ocorreram R$ 400 mil em repasses para o então presidente do PL entre 16 de setembro e 7 de outubro daquele ano. Os repasses serviram, segundo o ministro, para que as lideranças do partido orientassem a favor dos interesses do governo.