Amorim evita comentar relato de Dilma sobre tortura
"Ah, gente, eu não vou comentar isso. Se ela própria não comentou, como é que eu iria comentar?", questionou, irritado, o ministro logo após de ser abordado por jornalistas. "Eu acho que são fatos da história, eles vão aparecendo. Cada cidadão forma a sua ideia sobre isso."
O envio dos documentos, localizados e publicados pelo jornal "O Estado de Minas" neste fim de semana, à Comissão da Verdade também não motivou Amorim a fazer comentários. "A Comissão da Verdade é para justamente restabelecer a verdade e permitir que as pessoas conheçam os fatos, sob todos os ângulos. É só o que eu tenho a falar sobre isso", disse o ministro.
A nomeação de Amorim para o Ministério da Defesa, em agosto do ano passado, logo após a demissão de Nelson Jobim, teria desagradado setores militares que ficaram contrariados com o que chamaram de "decisões ideologizadas" tomadas por ele quando esteve à frente do Ministério das Relações Exteriores - entre 2003 e 2010. Desde que assumiu a pasta, Amorim tem se notabilizado por declarações cuidadosas que não criem atrito com as Forças Armadas.
Então militante do Comando de Libertação Nacional (Colina), grupo que aderiu à luta armada contra a ditadura militar, Dilma relatou uma série de torturas pelas quais foi submetida quando esteve presa na cidade mineira. Ela sofreu choques elétricos, passou pelo pau de arara, apanhou de palmatória e levou socos de agentes da ditadura.
As sequelas provocadas, como problemas ortodônticos, por exemplo, perduraram por anos. Em seu depoimento, Dilma diz que os interrogatórios a fizeram encarar a "morte e a solidão" e que a marcaram "pelo resto da vida".