Três são condenados no caso Celso Daniel
A polícia concluiu que Daniel foi vítima de "crime comum". Os réus haviam sido denunciados pelo Ministério Público por homicídio duplamente qualificado
A polícia concluiu que Daniel foi vítima de "crime comum". Mas o Ministério Público sustentou a tese de "crime político", com o argumento de que o então prefeito foi sequestrado e morto porque decidiu dar fim a um esquema de corrupção em sua administração. Para a promotoria, parte do dinheiro desviado de contratos fraudulentos na gestão Daniel abastecia caixa 2 de campanhas eleitorais do PT.
O mentor e mandante do assassinato, segundo o Ministério Público, teria sido o empresário Sérgio Gomes, o Sombra, que nega envolvimento. Ivan, apontado como coordenador do grupo, negou ter assassinado Daniel.
Ao proferir a sentença, o juiz Hristov afirmou que não cabia a ele definir se o crime fora cometido por motivos políticos ou não e não entraria nesse mérito. "Seria até antiético da minha parte deliberar a respeito disso. Ao juiz cabe apenas calcular a pena."
Para o promotor Márcio Augusto Friggi de Carvalho, os jurados "encamparam" a tese do MP. "Até agora, a Justiça vem chancelando a tese do Ministério Público." Ele disse ainda que o MP irá continuar com as investigações. "Acredito que existam outros envolvidos, que serão identificados e responsabilizados", finalizou.
Comemoração
O irmão de Celso Daniel, Bruno Daniel, presente ao julgamento, comemorou o resultado. "Valeu a pena lutar e esperar por dez anos. Tenho paciência para esperar por muitos anos mais."
Os advogados de Ivan da Silva e José Edilson afirmaram que não irão recorrer da decisão. O advogado de Rodolfo Oliveira disse que irá reavaliar os autos para decidir se recorrerá.
Após os interrogatórios, os advogados de outros dois réus, Itamar Messias dos Santos Filho e Elcyd Oliveira Brito, retiraram-se da sessão alegando tempo insuficiente para a argumentação da defesa. O julgamento dos dois foi adiado.
Durante o julgamento, os réus afirmaram que foram torturados por policiais para que confessassem. Os três também citaram o nome do ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado do PT, que os teria ameaçado.
Estratégia
Em 2010, o primeiro acusado levado a júri, Marcos Roberto Bispo, usou da mesma estratégia ao atribuir maus-tratos a Greenhalgh. Os jurados condenaram Bispo a 18 anos de prisão. Em nota, o advogado Greenhalgh repudiou as acusações.
O juiz lembrou que Ivan confessou o assassinato quando depôs em Taubaté (SP). Ivan admitiu conhecer Rodolfo e Itamar antes do crime, mas disse que não sabia quem era Dionísio Severo, suposto sequestrador de Celso Daniel que foi morto por uma facção rival antes de ser ouvido sobre o crime.
José Edison, que teria providenciado o cativeiro de Daniel e também atirado contra o prefeito, disse "desconhecer os motivos pelos quais foi envolvido no processo". Ele disse não conhecer Ivan, que, contraditoriamente, afirmou conhecê-lo.