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Países que alimentam guerra síria têm "sangue nas mãos", diz Ban Ki-moon

15:18 | 20/09/2016
Secretário-geral da ONU exige fim do conflito na Síria e acusa governos internacionais de ignorarem, financiarem ou participarem de atrocidades no país. Aqueles que bombardearam comboio humanitário são "covardes", diz. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, exigiu nesta terça-feira (20/09) o fim dos combates na Síria, acusando o regime de Bashar al-Assad de praticar atrocidades contra civis e governos internacionais pelo envolvimento ou por ignorar a violência na região. "Governos que estão presentes aqui ignoraram, facilitaram, financiaram, participaram ou até mesmo planejaram e executaram atrocidades cometidas por todos os lados do conflito na Síria contra civis", destacou Ban, durante discurso na Assembleia Geral da ONU. Ele afirmou que países que "continuam alimentando a máquina da guerra também têm sangue nas mãos". Ban acusou todas as partes envolvidas na guerra civil síria de matarem inocentes, sobretudo o regime de Assad. "Muitos grupos mataram civis inocentes, mas nenhum matou tanto quanto o governo sírio, que continua a utilizar barris de explosivos contra zonas residenciais e a torturar sistematicamente milhares de prisioneiros", afirmou, ressaltando que o futuro da Síria não pode depender do destino do atual líder. "Apelo para que todos com influência acabem com os combates e deem início a negociações", pediu o secretário-geral, destacando que a guerra na Síria já deixou mais de 300 mil mortos e milhões de refugiados desde 2011. Ban condenou também o ataque contra um comboio humanitário nas proximidades da cidade de Urum al-Kubra, a oeste de Aleppo. Cerca de 20 civis morreram no bombardeio. O incidente levou as Nações Unidas a suspenderem operações humanitárias na Síria. "Os trabalhadores humanitários que entregavam ajuda eram heróis. Aqueles que os bombardearam são covardes", disse Ban. "Justo quando pensamos que não poderia ser pior, o nível de imoralidade se aprofunda ainda mais", acrescentou. Abusos e cólera Durante o discurso, Ban pediu desculpas em nome da ONU pelos abusos sexuais cometidos por capacetes azuis em diversos países e pelo papel da organização no surto de cólera no Haiti. O secretário-geral afirmou que esses dois assuntos mancharam a reputação das Nações Unidas e traumatizaram muitas pessoas. "Os atos desprezíveis de exploração e abuso sexual cometidos por um grupo de capacetes azuis da ONU e outros profissionais agravaram o sofrimento de pessoas já afetadas por conflitos armados e minaram o trabalho feito por tantos outros ao redor do mundo. Protetores jamais deve se tornar predadores", disse Ban. Diversas denúncias de capacetes azuis que cometeram abusos sexuais chegaram à ONU nos últimos anos. Grande parte dos casos ocorreu na República Centro-Africana. Entre as vítimas, há menores de idade. Após as denúncias, a organização prometeu reprimir essa violência e punir os responsáveis. Atualmente, as Nações Unidas possuem 106 mil soldados e policiais servindo em 16 missões de paz. Ban também se desculpou pelo surto de cólera no Haiti que matou milhares de pessoas desde 2010. "Sinto um tremendo pesar e tristeza pelo profundo sofrimento dos haitianos afetados pela cólera. Chegou o momento de um novo enfoque para aliviar essa situação e melhorar suas vidas. Essa é nossa firme e perdurável responsabilidade moral. Vamos trabalhar juntos para atender nossas obrigações para com o povo haitiano", destacou. As Nações Unidas admitiram neste ano ter responsabilidade no início da epidemia de cólera, em 2010, que ainda afeta o país. Estudos revelaram que o surto começou após um vazamento em um rio de resíduos fecais de soldados da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah). Durante muito tempo, a ONU negava sua participação no incidente. Os pedidos de desculpas foram feitos tendo em vista que Ban deixará o cargo nas Nações Unidas no fim do ano, depois de ter cumprido dois mandatos de cinco anos cada à frente da organização. CN/rtr/efe/afp/lusa
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