'Prevalecerá o diálogo' com Trump, diz presidente do México ao completar 100 dias no cargo

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse estar "convencida" de que a relação com os Estados Unidos será "boa e respeitosa e que o diálogo prevalecerá" com o republicano Donald Trump, uma semana antes da posse do magnata republicano.

"Sempre manteremos nossa cabeça erguida. O México é um país livre, independente e soberano e, como eu disse, há coordenação, colaboração, mas nunca subordinação", declarou a presidente neste domingo (12), diante de milhares de apoiadores no Zócalo, na Cidade do México, ao comemorar 100 dias no poder.

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Trump ameaçou com uma deportação em massa de migrantes assim que assumir o cargo no dia 20 deste mês.

Sheinbaum destacou o envio de quase 65 bilhões de dólares (quase R$ 400 bilhões) de mexicanos nos Estados Unidos para suas famílias no ano passado. Ela enfatizou que seus compatriotas no país vizinho "contribuem para a economia do México, mas que seja bem ouvido, e em alto e bom som: eles contribuem mais para a economia dos Estados Unidos".

O evento abriu com o "Hino Migrante", uma canção que homenageia os mexicanos nos Estados Unidos. O comício também começou com uma homenagem às comunidades indígenas do México.

"A presidente está correspondendo às expectativas no que diz respeito às ameaças de Trump. Ela não está se submetendo e isso é bom", disse à AFP Reynol Chamec Cruz, funcionário do governo.

Sobre a violência das drogas, que também marcou seus primeiros 100 dias no poder, Sheinbaum relatou uma queda de 16% nos homicídios intencionais entre setembro e dezembro de 2024.

"Ainda há muita insegurança, mas esperamos que ela alcance a paz no país", comentou Jerómino Mendoza Ángeles, um transportador de 46 anos.

"Que não haja dúvidas, o Judiciário será autônomo", disse Sheinbaum, defendendo a polêmica reforma desse poder. Ela reiterou que, em 1º de junho de 2025, serão realizadas eleições para renovar os tribunais federais e a Suprema Corte.

A eleição de juízes e magistrados estabelecida por seu antecessor e mentor, Andrés Manuel López Obrador (2018-2024), é uma das dez reformas constitucionais celebradas pela presidente mexicana.

- Ataques -

Diante da investida verbal inicial de Trump, a líder esquerdista respondeu com uma mistura de diplomacia e firmeza.

Na sexta-feira, as autoridades mexicanas informaram sobre a localização de "um túnel em direção aos Estados Unidos" em Ciudad Juárez (norte), na fronteira com o Texas, onde os migrantes estão esperando para atravessar o Rio Grande.

"O Ministério das Relações Exteriores foi informado para que sejam tomadas as medidas correspondentes com os Estados Unidos", detalha o comunicado das autoridades.

Nas últimas semanas, o México também anunciou duas apreensões de fentanil, a droga sintética que causa dezenas de milhares de overdoses nos Estados Unidos.

- Popularidade, violência e 'contenção' -

Após três meses, a presidente esquerdista desfruta de uma popularidade ainda maior que a de seu antecessor e mentor, Andrés Manuel López Obrador.

De acordo com uma pesquisa de opinião da Enkoll, 80% dos mexicanos aprovam "muito" (51%) ou "um pouco" (29%) o seu trabalho como presidente.

Os primeiros meses de seu mandato foram marcados por violentos confrontos entre duas facções do cartel de Sinaloa, que deixaram 651 mortos e 513 desaparecidos entre 9 de setembro e 31 de dezembro de 2024, de acordo com um relatório oficial citado pelo jornal La Jornada.

Na quinta-feira, o governo relatou uma "contenção" dos homicídios em Sinaloa, com uma redução de 35% nos assassinatos entre outubro e dezembro.

- Reformas constitucionais -

Desde que Sheinbaum assumiu o cargo, o Congresso bicameral do México aprovou mais de 10 reformas constitucionais, graças à supermaioria conquistada pelo partido governista nas eleições gerais de 2 de junho de 2024.

Dessa forma, o partido governista Morena e seus aliados conseguiram fortalecer o controle estatal sobre o setor elétrico, reconhecer os povos indígenas e proteger a controversa reforma judicial promulgada por López Obrador, que estabeleceu a eleição popular de juízes e magistrados.

Além disso, uma iniciativa enviada por Sheinbaum ao Congresso incluiu na Constituição a obrigação de os estados criarem promotorias especializadas em crimes contra a mulher e a proibição da diferença salarial entre homens e mulheres.

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