Guerra no Oriente Médio: entenda as dificuldades para se chegar a um cessar-fogo

Iniciada após os ataques terrorista de 7 de outubro de 2023, o conflito já deslocou milhões de pessoas na faixa de Gaza e no Sul do Líbano, após os ataques de Israel ao Grupo Hezbollah

Passados mais de um ano do conflito no Oriente Médio entre Israel e o grupo terrorista Hamas, o mundo ainda espera um cessar-fogo entre os grupos armados e o estado judeu para pôr fim à guerra.

Na última quinta-feira, foi anunciado um cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hezbollah, que foi inviabilizado nesta sexta por ambas as partes. Para entender a dificuldade de se chegar a um cessar-fogo, O POVO conversou com Luiz Philipe de Oliveira, que é mestre em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo (USP).

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Segundo o acadêmico, o primeiro fator que explica a tempo prolongado do conflito entre Israel e o Hamas é a falta de solução e reconhecimento do Estado palestino independente e soberano. Mas o professor também lembra do financiamento iraniano a grupos terroristas.

“O financiamento e atuação do Irã junto a grupos terroristas para atacar Israel, o apoio informal de um estado a esses grupos terroristas, permite esse combate durar tanto tempo”, explica Philipe.

Mesmo com o forte poder bélico, Israel ainda não conseguiu o objetivo aventado desde o início da guerra que é acabar com o Hamas. Para justificar essa questão, Luiz Philipe argumenta que é um desafio acabar com o grupo, por causa de suas células.

“O enfrentamento a grupos terroristas e criminosos, eles têm essa dificuldade de você acabar com as células. Então o terrorismo ele se reinventa muitas vezes na separação e no desenvolvimento de células independentes da liderança geral, por isso que mesmo você cercando a estrutura principal, você ainda vai ter as células independentes para serem combatidas e dificilmente encontradas”, explicou o pesquisador.

Ainda segundo o professor, o Hamas é financiado e representa os interesses iraniano na região. “Como existe uma ausência de estado, como não existe a formalização de um Estado Palestino, você não consegue criminalizar e nem combater esses grupos, por isso que de maneira apoiada por uma nação forte como Irã, ele consegue se manter vivo”, explica.

Em relação a Israel, o pesquisador explica que o país consegue manter de forma exitosa seu esforço de guerra por causa do apoio de países europeus e principalmente dos Estados Unidos, e que a disparidade estrutural das forças do Hamas e do Hezbollah em comparação com o país judeu é o que permite manter a guerra.

Segundo o professor, essa disparidade é o que também ocasiona excessos e desastres, como o que se vê em Gaza por parte das forças israelenses. “Por causa dessa força para manter as frentes, Israel acaba mantendo excessos, por isso que há um processo do TPI com as lideranças do país”, disse ele.

Para o pesquisador, a dependência do governo de Benjamin Netanyahu é uma dos fatores que explicam a dificuldade de se conseguir um acordo efetivo entre Israel e os dois grupos. “O governo Netanyahu precisa da guerra para evitar que ele perca o posto de primeiro-ministro, pois ele corre até mesmo o risco de ser preso internamente por corrupção”.

Por parte do Hezbollah, há um interesse do Irã em manter a guerra e também estender o conflito. “Existe uma grande possibilidade do Irã ter interferido nessa necessidade de fazer um cessar fogo”, explicou.

Philipe considera a possibilidade de pacificação na região, mas lembra que, para isso acontecer, é preciso um alinhamento entre todos os fatos mencionados. “Existe a possibilidade de pacificação, mas isso depende de todos os fatores internacionais envolvidos, e eu não vejo uma saída próxima, e eu não vejo uma saída enquanto Israel e outros países não reconhecerem a Palestina como estado soberano”, concluiu ele.

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