Bosch anuncia 5,5 mil demissões e culpa automobilísticas
Impacto da crise na indústria automobilística gerou "necessidade de ajustes", diz empresa ao justificar os cortes. Maioria das demissões ocorrerá em fábricas na Alemanha.A multinacional alemã de produtos eletrônicos Bosch planeja cortar 5,5 mil empregos, em meio à crise na indústria automobilística, afirmou uma porta-voz da empresa nesta sexta-feira (22/11). A direção da Bosch, segundo a porta-voz, justificou a decisão ao mencionar uma "necessidade de ajustes" diante das dificuldades enfrentadas pelo setor automotivo. Mais de dois terços desse empregos, em torno de 3,8 mil, estão na Alemanha. "Temos que adaptar nossas estruturas para um ambiente de mercado em transformação e reduzir custos de maneira sustentável para reforçar nossa competitividade", afirmou em nota um dos diretores da empresa, Stephan Hoelzl. Os cortes planejados foram um "tapa na cara", dos trabalhadores, disse o chefe do conselho de funcionários da divisão automotiva da Bosch na Alemanha, Frank Sell. Ele prometeu resistir à medida. Apesar do anúncio da direção, o número de demissões ainda vai depender de negociações com os representantes dos funcionários. Maioria dos cortes na Alemanha A Bosch já anunciara em dezembro de 2023 planos para cortar 1,5 mil empregos em sua divisão de peças para automóveis, devido às transformações que ocorrem na indústria automobilística da Alemanha como parte da transição para os veículos elétricos Segundo o conselho de funcionários, serão afetadas as unidades da Bosch em Leonberg, Abstatt, Renningen e Schwieberdingen no estado de Baden-Württemberg, e em Hildesheim, na Baixa Saxônia. A divisão Cross-Domain Computing Solutions, responsável, por exemplo, por sistemas de assistência e direção automatizada, deverá ser a mais afetada, com o corte de 3,5 mil funcionários até o final de 2027, cerca de metade destes na Alemanha. Até 2032, cerca de 750 empregos adicionais serão cortados na fábrica de Hildesheim, onde a Bosch fabrica produtos para eletromobilidade, 600 deles até o final de 2026. Há também planos de corte de custos para a divisão que produz sistemas de direção para automóveis e caminhões. Até 1,3 mil empregos serão eliminados na unidade de Schwäbisch Gmünd, também em Baden-Württemberg, entre 2027 e 2030, o que corresponde a mais de um terço da força de trabalho. Crise no setor automobilístico Os principais fabricantes de automóveis da Alemanha atravessam uma forte crise, com a Volkswagen planejando fechar fábricas e cortar milhares de empregos, algo sem precedentes na Alemanha. "A produção global de veículos estagnará este ano em cerca de 93 milhões de unidades, se não diminuir ligeiramente em comparação com o ano anterior", disse a Bosch. Uma ligeira recuperação, na melhor das hipóteses, é esperada no próximo ano em meio a uma sobrecapacidade considerável na indústria. De acordo com a Bosch, os fabricantes precisam de significativamente menos peças para veículos elétricos, por exemplo, o que gera ociosidade de pessoal. A pressão competitiva e de preços também se intensificou. Além disso, o cenário no mercado para tecnologias futuras ficou abaixo das expectativas da empresa, com a demanda por sistemas de assistência ao motorista e soluções para direção automatizada significativamente aquém do que se projetava. Muitos desses projetos estão sendo adiados ou cancelados pelos fabricantes, disse a empresa. A diretoria da Bosch afirma pretender enfrentar esse cenário promovendo o acúmulo de funções entre seus funcionários e a redução de custos. rc (DPA, AFP)
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