Entenda o que é o grupo Hezbollah e por que ele pode entrar em conflito com Israel
O grupo islâmico de orientação xiita e o exército de Israel trocaram tiros na fronteira dos dois países
12:36 | Out. 17, 2023
Em meio ao conflito entre Israel e o Hamas, que já matou mais de 3 mil pessoas em uma semana, também cresce a tensão entre o exército israelense e o grupo libânes Hezbollah, após dias de trocas de tiros entre as duas forças, na fronteira entre Israel e Líbano.
Na última segunda-feira, 16, os militares israelenses ordenaram que civis moradores de 28 comunidades próximas à fronteira com o Líbano deixassem suas residências. Além disso, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o Hezbollah e o Irã não devem cometer “o erro do passado”, fazendo referência à guerra entre o país e o grupo em 2006, que deixou 1.200 mortos no Líbano.
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Os militantes do grupo Hezbollah, afirmaram também na última segunda-feira, que começaram a destruir câmeras de vigilância em postos do exército israelense. Enquanto isso, Hassan Fadlalah, político libânes e integrante do grupo, disse que o Hezbollah está pronto para todas as possibilidades frente a tensão com Israel.
O POVO explica o que é o Hezbollah e as possibilidades de conflito com Israel.
Criação do Hezbollah
O Hezbollah, ou “partido de Deus”, foi criado em 1982, por mulçumanos xiitas do Líbano — linha do Islã que acredita que Ali, genro do profeta Maomé, e seus decentes, têm direito de liderar os mulçumanos —, inspirado na Revolução Islâmica de 1979 no Irã, e em uma reação a presença de israelenses no sul do país.
O grupo xiita tem muita influência dentro do Líbano. Está presente no parlamento do país, atua como grupo paramilitar e ainda presta serviço como organização de assistência social. A parte social do movimento é responsável por garantir apoio da população ao grupo.
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Ligação com o Irã
O Irã, país de maioria xiita, é responsável por financiar o Hezbollah, assim como oferecer treinamentos, armamento e assistência política. De acordo com especialistas, o país envia entre R$ 100 milhões e R$ 200 milhões ao movimento. Além do Irã, o Hezbollah recebe financiamento de outras fontes, legais e ilegais.
Guerra de 2006
Em 2006, Israel e o Líbano travaram uma guerra, depois que o Hezbollah matou três soldados israelenses e sequestrou outros dois. Em resposta, Israel bombardeou a região libanesa próxima à fronteira entre os dois países. O conflito deixou 1.200 mortos no Líbano e 160 mortos em Israel.
Solidariedade ao Hamas e conflito com Israel
O grupo se solidarizou com o Hamas, após o início do conflito entre o movimento islâmico e Israel. O Hezbollah foi inserido na guerra depois que mísseis israelenses atingiram uma redação no Líbano, deixando um cinegrafista da Reuters morto e seis jornalistas feridos.
O conflito pode piorar caso Israel de fato invada a Faixa de Gaza, o que levaria a uma guerra entre Israel, Hamas e Líbano, contando ainda com a influência do Irã.
Israel mata quatro homens armados que queriam entrar no país a partir do Líbano
Nesta terça-feira, o Exército de Israel matou quatro homens armados que tentavam entrar no país a partir do Líbano, informa um comunicado militar. Os soldados "detectaram um esquadrão terrorista que tentava infiltrar-se através da barreira segurança com o Líbano e colocar um artefato explosivo", afirma o comunicado.
"Quatro terroristas foram mortos", acrescenta a nota.
O Exército informou durante a madrugada que bombardeou posições do Hezbollah no território libanês. Desde o início da guerra provocada pelo ataque sem precedentes do Hamas contra Israel, em 7 de outubro, os confrontos na fronteira israelense-libanesa deixaram pelo menos 10 mortos do lado libanês, a maioria combatentes, além do jornalista da agência de notícias Reuters e outros dois civis. Do lado israelense, morreram pelo menos duas pessoas.
A agência nacional de notícias nacional libanesa (NNA) informou que áreas da fronteira sofreram bombardeios "contínuos" durante a noite. Várias casas da localidade de Dhayra foram atingidas, o que provocou vítimas, segundo a agência, que não revelou a condição de saúde dos atingidos. "O inimigo (Israel) utilizou bombas de fósforo branco e atacou civis", afirmou a agência.
A ONG Human Rights Watch acusou na semana passada Israel de utilizar este tipo de bomba contra os integrantes do Hamas em Gaza e no sul do Líbano. O Exército israelense nega as acusações.
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