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Última cúpula do ano expõe divisões na UE

17:45 | 18/12/2015
Críticas do premiê italiano a políticas do governo alemão, sobretudo em relação às crises migratória e do euro, ofuscam cúpula do bloco em Bruxelas. Líderes são unânimes sobre necessidade de proteger fronteiras. O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, atacou abertamente as políticas do governo da chanceler federal alemã, Angela Merkel, durante cúpula da União Europeia (UE), nesta sexta-feira (18/12), em Bruxelas. Renzi criticou a posição de Berlim em questões bancárias, energética, de migração e sobre a Grécia. Os 28 líderes do bloco europeu realizaram a última cúpula de um ano que começou com a ameaça da saída da Grécia da zona do euro e terminou com os ataques terroristas de Paris além da maior crise migratória desde a Segunda Guerra e do risco de rompimento do Reino Unido com a UE. O confronto entre Renzi e a chanceler federal alemã destacou novas divisões na UE, apesar dos recentes esforços em apresentar uma frente unificada. Os discursos foram ofuscados por divergências sobre migrantes e um controverso gasoduto para a Rússia. "A amizade e o respeito que tenho pela chanceler alemã não me impedem de fazer perguntas", disse Renzi a jornalistas. "Retratar a Alemanha como salvador da pátria para a economia europeia não é uma visão compartilhada", afirmou, levantando preocupações sobre a venda ao operador alemão Fraport 14 aeroportos regionais gregos na primeira grande privatização feita pelo governo do premiê Alexis Tsipras. Sob pressão na Itália para salvar quatro pequenos bancos nos quais milhares de investidores italianos perderam suas poupanças, Renzi resolveu atacar o sistema financeiro e as cooperativas bancárias da Alemanha. "Atualmente, a saúde dos bancos italianos é melhor do que os da Alemanha não somente porque o Intensa San Paolo, o maior da Itália, possui um capital duas vezes maior que o do Deutsche Bank, número um na Alemanha, mas também por causa dos bancos territoriais alemães, que estão fora do controle do Banco Central Europeu (BCE). Este é um sistema com o qual, pessoalmente, se eu fosse um administrador alemão, ficaria bastante preocupado", explicou. Na cúpula, Merkel rejeitou uma declaração conjunta prometendo progresso rápido sobre a questão. "É normal ter opiniões diferentes de tempos em tempos. Não é a primeira vez", limitou-se a dizer. Já na crise migratória, críticos têm acusado Roma de falhar no registro de refugiados que chegam do norte da África atravessando o Mar Mediterrâneo, permitindo que estes sigam livremente para outros países na Europa. "É a Europa que não está compactuando, não a Itália", afirmou Renzi. O premiê disse que a Itália está coletando impressões digitais da maioria dos migrantes, enquanto um plano para ajudar o país e transferir requerentes de asilo para a Alemanha ou outros países europeus tem sido um fracasso até então. Líbia estável, sanções à Rússia e fronteiras Na cúpula, os líderes europeus também decidiram por estender as sanções econômicas contra a Rússia por mais seis meses. Os líderes foram unânimes de que a União Europeia precisa proteger melhor suas fronteiras. No encontro, foi apresentado o projeto da Comissão Europeia de criar uma nova força de segurança fronteiriça e costeira. Além disso, ficou decidido também que a União Europeia deverá apoiar mais incisivamente a estabilidade governamental na Líbia. "Pelo fato de a Líbia ter se tornado um Estado fragmentado, grupos criminosos puderam utilizar o país como ponto de partida de barcos de migrantes para a travessia do Mediterrâneo. E para nós não existia uma autoridade com que pudéssemos trabalhar. Por isso, um governo de unidade na Líbia é bastante importante, para justamente acabar com essa rota de migração", disse o premiê britânico, David Cameron. Cameron negocia para evitar "Brexit" O líder britânico aproveitou a cúpula em Bruxelas para tematizar sobre uma possível saída do Reino Unido da UE, também chamado de "Brexit". Ele aproveitou a ocasião para negociar um acordo para renovar os laços do Reino Unido com a UE, que ele poderá utilizar para persuadir os parlamentares britânicos a defender a permanência do país no bloco europeu. O premiê planeja para o final de 2017 um referendo que irá decidir sobre uma possível saída britânica na UE. "Nada é certo na vida, assim como em Bruxelas, mas há um caminho para um acordo em fevereiro", afirmou Cameron à imprensa na manhã desta sexta-feira. Aos demais líderes, num jantar na noite anterior, Cameron disse que se eles desejam a permanência do Reino Unido no bloco, deverão levar em consideração a preocupação dos britânicos sobre a redução da imigração. PV/rtr/afp/dpa/ap
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