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ONG aponta mais de 100 mortes de jornalistas em 2015

08:40 | 29/12/2015
Relatório anual da Repórteres sem Fronteiras alerta que Síria e Iraque são os lugares mais perigosos para o exercício da profissão. Em razão do ataque ao "Charlie Hebdo", França também é apontada como local de risco. A ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF) divulgou nesta terça-feira (29/12) em seu relatório anual que mais de 100 jornalistas perderam suas vidas em 2015. Destes, 76 morreram no exercício de sua profissão, e outros 43, em circunstâncias não esclarecidas. Além disso, 27 "jornalistas-cidadãos" não profissionais e outros sete trabalhadores da imprensa foram mortos. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) afirmou que o número de assassinatos confirmados seria de 69, incluindo também o caso da repórter televisiva Alison Park e do operador de câmera Adam Ward, mortos em agosto nos Estados Unidos por um ex-colega, durante uma transmissão ao vivo. A RSF não contabilizou esses dois casos. O relatório anual da RSF aponta que, em 2014, dois terços dos jornalistas mortos perderam suas vidas em zonas de combate, enquanto em 2015, quase a mesma quantidade de profissionais foram mortos em países considerados pacíficos. "É absolutamente essencial a criação de um mecanismo específico para se fazer cumprir a lei internacional de proteção aos jornalistas", afirmou o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire. "Grupos que não constituem um Estado perpetram atrocidades em alvos específicos, enquanto muitos governos não cumprem com suas obrigações sob a lei internacional", alertou. Ataque ao "Charlie Hebdo" O relatório da RSF aponta a Síria e o Iraque como os locais mais perigosos para o trabalho dos jornalistas. A cidade síria de Aleppo foi descrita como um "campo minado" para os profissionais. A CPJ também confirmou a Síria como o lugar que oferece mais riscos aos repórteres. A França ficou em terceiro lugar neste ano, tanto na listagem da RSF quando da CPJ, em razão da morte de oito jornalistas durante o ataque terrorista à sede do jornal satírico Charlie Hebdo em janeiro. A publicação era conhecida por divulgar caricaturas satirizando o Profeta Maomé, o que teria sido a motivação dos assassinatos. "Um país ocidental jamais tinha sofrido um massacre dessa ordem", diz a RSF. "Os jornalistas e funcionários do Charlie Hebdo vivem agora sob rígida proteção. Alguns ainda são forçados a mudar continuamente seus locais de residência", apontou o relatório da organização. Outros países com grande número de jornalistas mortos incluem Bangladesh, onde a morte de blogueiros e de um editor foram atribuídas a grupos extremistas, e o Sudão do Sul, onde cinco jornalistas que viajavam com uma autoridade local foram vítimas de uma emboscada por um atirador não identificado. Outros cinco profissionais foram mortos no Iêmen. Os perigos do jornalismo investigativo As 67 mortes confirmadas pelo RSF elevaram para 787 o número de jornalistas que foram assassinados, escolhidos diretamente como alvos ou mortos durante o exercício da profissão nos últimos dez anos. Muitas das mortes têm relação com a atividade de grupos jihadistas, especialmente nos últimos anos. A CPJ explicou que, apesar de as zonas de guerra e a cobertura política serem mencionadas, na maioria das vezes, entre os motivos relacionados às mortes, muitos jornalistas se tornam alvos por terem reportado temas de direitos humanos, crimes ou corrupção. Dos profissionais mortos em 2015, ao menos 28 tinham recebido ameaças de morte, segundo informou s CPJ. Enquanto muitas mortes ocorreram durante a cobertura jornalística nas zonas de conflito, em especial no Oriente Médio, jornalistas em vários outros países morreram após tratar de temas polêmicos, como no México. No Brasil, a RSF contabilizou sete assassinatos de jornalistas em 2015. O país está atualmente na 99ª posição no índice de liberdade de imprensa da ONG, que avalia as condições de trabalho em 180 nações, observando critérios como pluralismo, independência e o respeito pela segurança dos profissionais. RC/ap/afp
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