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Acordo na conferência do clima adiado para sábado

Ao examinar as divergências apresentadas com vigor na última noite, a presidência da COP21 não teve outra escolha senão adiar para sábado a apresentação do projeto

11:09 | 11/12/2015

O acordo tão esperado para lutar contra o aquecimento global ainda deve esperar, mas a presidência francesa da conferência expressava seu otimismo, convencida de "um grande passo para a humanidade", apesar da persistência de "assuntos muitos difíceis", segundo o secretário de Estado americano, John Kerry.

Ao examinar as divergências apresentadas com vigor na última noite, a presidência da COP21 não teve outra escolha senão adiar para sábado a apresentação de um projeto de acordo e sua aprovação, inicialmente prevista para esta sexta-feira à noite. "Estamos quase no fim da estrada, eu estou otimista", assegurou o chanceler francês, Laurent Fabius, que preside a conferência.

"Após as consultas que farei, estarei em condições de, amanhã de manhã, às 9H00 (6H00 de Brasília), apresentar um texto que, tenho certeza, será aprovado e será um grande passo para o conjunto da humanidade", declarou Fabius ao lado do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Por sua vez, John Kerry, que se reuniu com Fabius, ressaltou os "progressos feitos esta noite, uma longa noite, mas ainda há uma ou duas questões muito difíceis sobre as quais trabalhamos".

Os negociadores de 195 países, que emendaram duas noites sem dormir consecutivas, retomaram esta manhã discussões informais, em particular, em  Bourget, perto de Paris.

A atividade diplomática ultrapassa os encontros presenciais: o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e da China, Xi Jinping, concordaram em uma conversa por telefone em intensificar os seus esforços para alcançar um acordo.

O objetivo é superar as diferenças que ressurgiram durante a sessão noturna.
"Cada país está levantando suas linhas vermelhas", observou durante a noite, no Twitter, o deputado ecologista belga Jean-Marc Nollet, que acompanhou os debates.

"A noite foi áspera", confirmou no início da manhã Matthieu Orphelin, porta-voz da Fondation Nicolas Hulot. "Ao invés de avançar para compromissos, cada país tem se escondido atrás de trincheiras".

Estas tensões surgiram depois de duas semanas de uma atmosfera bastante acolhedora, onde todos concordaram publicamente sobre a necessidade de concluir um acordo "ambicioso", única maneira de evitar o agravamento das ondas de calor, secas, inundações...

Os problemas ressurgiram após a apresentação de um novo projeto de acordo que deixa em aberto os três temas "mais complexos", segundo Laurent Fabius: a "diferenciação" (repartição de esforços entre países desenvolvidos e em desenvolvimento), "financiamento" e "ambição" do acordo.

Sobre este último ponto, o projeto atual estabelece uma meta de aquecimento global "bem abaixo" de 2°C em relação aos níveis pré-industriais e "o prosseguimento dos esforços para limitar o aumento a 1,5°C".

Este limite de 1,5°C é uma reivindicação de uma centena de países, principalmente das nações insulares, ameaçados pela elevação do nível do mar.
Mas os grandes produtores de combustíveis fósseis, como a Arábia Saudita e a Rússia, se opuseram fortemente a este limite durante os debates noturnos, segundo Nollet.

Antes da conferência, quase todos os Estados se comprometeram a limitar suas emissões de gases do efeito estufa, mas seus esforços, se materializados, colocam o planeta na rota de um aumento do termômetro global estimada em %2b 3°C.

Para fazer melhor, o princípio de uma revisão obrigatória desses objetivos nacionais a cada cinco anos foi pautada. Mas o projeto de acordo define que a primeira revisão será apenas em 2025. Muito tarde, criticam as ONGs.

Quanto às finanças, o pré-acordo especifica que o compromisso de 100 bilhões de dólares por ano dos países ricos aos países do sul a partir de 2020 é um "piso", e que os países desenvolvidos apresentarão "periodicamente metas quantificadas".

"A pílula está sendo difícil de engolir por alguns países, incluindo a UE, os Estados Unidos ou a Austrália, que consideram ser muito favorável aos países em desenvolvimento", explica Pascal Canfin, ex-ministro francês e especialista do centro de pesquisa americano WRI.

"Todas as esperanças são ainda possíveis, mas as tentações nacionais podem ainda prevalecer", alerta o ecologista Nicolas Hulot, enviado especial do presidente François Hollande para a proteção do planeta.

"Ainda restam 24 horas, 24 horas para discutir o essencial, para construir o futuro. Mas a janela se fecha a cada dia", afirmou.

 

 

AFP

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