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UE e chanceler da Áustria: "Cercas não têm lugar na Europa"

19:13 | 28/10/2015
Divergências em Viena: enquanto o chefe do governo austríaco adverte que cercas não são bem-vindas na União Europeia, ministra do Interior afirma que país pretende construir bloqueio físico na fronteira com a Eslovênia. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o chanceler federal austríaco, Werner Faymann, advertiram nesta quarta-feira (28/10) que cercas nas fronteiras não são bem-vindas na União Europeia (UE). O comunicado foi divulgado poucas horas depois de a ministra do Interior da Áustria, Johanna Mikl-Leitner, ter sugerido que o país pretende construir uma cerca ao longo da fronteira com a Eslovênia. "O presidente e o chanceler reiteraram sua posição comum que as cercas não têm lugar na Europa", diz o texto do comunicado emitido após um telefonema entre os dois políticos sobre os últimos desenvolvimentos envolvendo a crise migratória na UE. Áustria e Eslovênia se tornaram pontos de trânsito importantes para dezenas de milhares de refugiados e migrantes que buscam alcançar a Europa Central antes da chegada do inverno. A chamada rota dos Bálcãs segue agora pela Eslovênia, depois de a Hungria ter fechado sua fronteira com Croácia e Sérvia. Os dois países alpinos Áustria e Eslovênia têm se queixado sobre seus parceiros na União Europeia e afirmaram que não têm outra opção a não ser tomar medidas extremas para evitar que a situação em seus países fique fora de controle. Ministra do Interior anuncia cerca na fronteira com Eslovênia Mais cedo nesta quarta-feira, a ministra do Interior da Áustria afirmou, em entrevista à emissora pública de televisão Oe1, que o país pretende construir uma cerca ao longo da fronteira com a Eslovênia para controlar o fluxo migratório. "Trata-se de garantir a entrada ordenada e controlada em nosso país e de fechar a fronteira. Nos últimos dias e semanas, grupos de migrantes ficaram mais impacientes, agressivos e emotivos", afirmou a ministra. Ela ressaltou que "medidas estáveis" são necessárias para evitar uma escalada das tensões. Mikl-Leitner não revelou, porém, detalhes sobre a medida e também não informou quando a cerca começará ser construída. Tanto a Áustria como a Eslovênia são signatários no Acordo de Schengen, que estabelece a livre-circulação entre Estados-membros, e se tornaram países de trânsito para milhares de refugiados que tentam chegar ao norte da Europa através da rota dos Bálcãs. Somente na madrugada desta quarta-feira, cerca de 1,1 mil refugiados cruzaram a fronteira da Eslovênia com a Áustria. De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), mais de 700 mil migrantes e refugiados chegaram à Europa através do Mar Mediterrâneo neste ano. Ao menos 3.210 pessoas perderam suas vidas na travessia. Mais da metade vieram da Síria, seguidos do Afeganistão e Iraque. Trens circulando Na terça-feira, pela primeira vez refugiados foram levados de trem da Croácia até a Eslovênia. Até agora, os migrantes precisavam atravessar a região a pé. A marcha de quilômetros se tornou um desafio devido às condições climáticas do outono. Segundo a agência de notícias eslovena STA, dois trens trazendo 2,2 mil refugiados chegaram à cidade de Dobova, no sudeste da Eslovênia. "Foi uma surpresa", afirmou à DW a voluntária Klju Brdoveki, que presta ajuda n uma cidade croata na fronteira com a Eslovênia. O motivo que levou o governo em Liubliana autorizar a entrada de refugiados no país por trem não é conhecido e também não há informações se a medida será contínua. Até então, a Eslovênia acusava a Croácia de deixar passar mais refugiados do que o país tem capacidade para receber. Desde que a Hungria fechou a fronteira com a Croácia, há duas semanas, mais de 84 mil migrantes chegaram ao território esloveno. De Dobova, os migrantes são levados a um centro de acolhimento em Breice. Nos últimos dias, algumas barracas do local foram incendiadas, provavelmente por refugiados que estavam desesperados ou insatisfeitos, pois autoridades eslovenas estão impedindo a viagem daqueles que se recusam a dar entrada ao pedido de asilo no país. Desde o incidente, foi proibido o acesso de jornalistas no local. PV/CN//dpa/afp/lusa/dw
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