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As perspectivas para o emprego em 2015

16:16 | 10/04/2015
Tendência de estabilidade ou queda do desemprego foi interrompida, e desocupação deve aumentar em 2015. Entre os motivos estão o ajuste fiscal do governo federal, cenário econômico mais desfavorável e alta da inflação. O desemprego no Brasil avançou no trimestre encerrado em fevereiro, para 7,4%, uma alta em relação ao trimestre anterior (entre setembro e novembro de 2014), quando fechou em 6,5%. Os dados mostram que a tendência de estabilidade ou queda da taxa de desocupação, observada desde meados do ano passado, foi interrompida. Os números divulgados nesta quinta-feira (09/04) pelo IBGE mostram uma tendência de alta no desemprego em 2015. Entre os principais motivos estão o ajuste fiscal colocado em curso pelo Planalto; cenário econômico desfavorável; diminuição do consumo; crédito restrito, menor investimento de empresários e do governo, além da inflação crescente. "O baixo nível de atividade econômica tem elevado as demissões e reduzido as novas contratações", diz o economista Rodrigo Moura, da FGV/Ibre. "A forte contração econômica aprofunda as demissões em setores que já vinham apresentando desempenho ruim, como indústria, comércio e construção, e naqueles que passaram a sofrer mais com a recessão, como o setor de serviços." O ajuste fiscal promovido pelo governo também exerce pressão sobre o mercado de trabalho. O atraso no repasse de recursos públicos para programas federais de peso, como o "Minha Casa, Minha Vida", tem gerado demissões no setor da construção. Somado a isso, há a crise da Petrobras, que cancelou ou atrasou repasses para várias empreiteiras, que também cortaram trabalhadores. "A perspectiva para 2015 é de desaceleração do mercado de trabalho", afirma a economista Cecília Melo Fernandes. "Apesar de já ser esperado um aumento da taxa de desocupação no primeiro trimestre por questões sazonais, o enfraquecimento da economia em geral combinado a outros fatores aponta para uma tendência do aumento do desemprego em 2015." Renda deve se desacelerar Segundo o IBGE, a população desocupada no trimestre encerrado em fevereiro aumentou 14,7% em relação aos três meses terminados em novembro, passando de 6,5 para 7,4 milhões de pessoas. No mesmo período do ano passado, a população desempregada era de 6,62 milhões. O cenário econômico negativo faz com que o índice divulgado nesta semana seja o maior desde o trimestre de março a maio de 2013, quando foi registrado o desemprego de 7,6%. Para o IBGE, o desemprego vem aumentando porque, por um lado, há mais pessoas procurando trabalho. Por outro, a criação de novas vagas vem perdendo fôlego. Apesar da diminuição do emprego, a renda média dos brasileiros cresceu 1,1% no trimestre encerrado em fevereiro, subindo de 1.793 reais para 1.817 reais. Em relação ao mesmo período do ano anterior, o IBGE registrou um aumento de 0,7%, descontando a inflação. A pesquisa apontou, ainda, que a massa de rendimento real recebida por todos os trabalhadores aumentou 2,2%, passando de 161 para 162 bilhões de reais. "Com o aumento do desemprego, a renda deve desacelerar, o que já vem ocorrendo, devido à redução do poder de barganha dos trabalhadores num cenário de tendência de aumento do desemprego", diz Moura. Revisão do seguro-desemprego No fim de fevereiro, o governo dificultou o acesso ao seguro-desemprego por meio da MP (Medida Provisória) 665, com o objetivo de corrigir distorções e reduzir os gastos com a ajuda. Os custos do seguro explodiram na última década, mesmo com as baixas históricas do índice. Segundo a MP 665, o trabalhador terá que comprovar o vínculo com o empregador por pelo menos 18 meses nos 24 meses anteriores para requerer o benefício pela primeira vez. Na segunda solicitação, ele terá que ter trabalhado por 12 meses nos 16 meses anteriores. A partir do terceiro pedido, o período voltará a ser de seis meses. O governo federal chegou a admitir que pode rever as medidas, depois de pressão por parte de centrais sindicais. A exigência de um ano e meio deverá cair para um ano para que o trabalhador tenha direito ao benefício. A palavra final, agora, será do Congresso. "A mudança vai afetar diretamente a estabilidade dos trabalhadores a longo prazo", afirma o economista Felipe Leroy, do Ibmec/MG. "Contudo, possivelmente reduzirá a rotatividade dos trabalhadores nos postos de trabalho, o que de fato é muito positivo." Autor: Fernando CaulytEdição: Rafael Plaisant
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