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Opinião: Europeus precisam defender os judeus

15:46 | 16/02/2015
Ataques a sinagoga em Copenhague, mercado kosher em Paris e cemitérios judaicos são sinal de alerta. É preciso combater o antissemitismo na Europa, opina o editor-chefe da DW, Alexander Kudascheff. O terrorismo islamista deixa a Europa tomada pelo medo. Neste ano, primeiro foi a França, e depois, a Dinamarca. E todos se perguntam qual será o próximo alvo dos terroristas. Que eles vão atacar, ninguém mais dúvida. Ainda assim, o medo do perigo e do terror não acabou com o bom-senso político. A Europa se mostra determinada a não se ajoelhar, a não abrir mão dos próprios valores. A Europa quer agarrar-se ao ideal e à realidade de uma sociedade aberta e liberal e defender resolutamente o direito à liberdade de expressão contra os autoproclamados profetas de um sistema teocrático fechado. O terror é direcionado a nós todos, mas tem como alvo especialmente os judeus na Europa. O terror atingiu judeus num mercado parisiense de produtos kosher em janeiro, e numa sinagoga em Copenhague. O terror humilha os judeus ao tomar seus túmulos como alvos que vem sendo profanados há anos na Europa, sobretudo na França, como aconteceu neste fim de semana. Justamente porque muitos dão de ombros para esses acontecimentos, é importante ressaltar que o descanso dos mortos está sendo profanado, e sentimentos de familiares e amigos estão sendo feridos. A memória das pessoas é desprezada, e isso é asqueroso, sejam os responsáveis por isso extremistas de direita ou islamistas. É hora de a Europa se lembrar de que não tem apenas uma herança judaica, mas também um presente judaico. Além dos grandes intelectuais, como Albert Einstein e Moses Mendelssohn, o antissemitismo também faz parte da história judaica europeia. Ele marcou o Velho Continente durante mil anos: da época das Cruzadas, na Inglaterra e na França; à Espanha, onde ocorreu a primeira grande expulsão de judeus, em 1492; e ao Holocausto na Alemanha. A história dos judeus na Europa é uma história de perseguição, discriminação, ostracismo e assassinato. Por isso, hoje os europeus precisam defender os judeus se não quiserem que seu êxodo do continente continue. Ainda são apenas 30 mil judeus, de um total de cerca de 2 milhões, que emigram para Israel todos os anos, mas muitos outros deixam a Europa de maneira despercebida, com destino ao Canadá e aos EUA. Um sinal de alerta. A Europa continua agindo com prudência, mesmo diante do terror islamista. Quase nenhuma lei é alterada, e não há histeria. O medo do perigo invisível não paralisa a sociedade. Até agora. Mas a Europa e os europeus precisam engajar-se na luta contra o antissemitismo. Eles precisam dar aos judeus nos países do continente a sensação de que estão do seu lado. É um escândalo que jardins de infância e escolas judaicas, assim como sinagogas, tenham que ser mantidas sob proteção policial e que muitos pareçam ter se acostumado com esse fato. Politicamente, é mais do que alarmante que por trás da chamada crítica a Israel, como no caso da Guerra de Gaza, muitas vezes haja um antissemitismo velado. Mas a Europa e todos os europeus precisam se manter unidos contra o antissemitismo rampante. Não apenas em manifestações e eventos, mas também no dia a dia. Autor: Alexander Kudascheff (lpf)
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