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Brasil concorre ao Oscar com "O sal da Terra"

15:10 | 20/02/2015
Filme sobre Sebastião Salgado, dirigido por seu filho e pelo alemão Wim Wenders, é um dos cinco finalistas na categoria melhor documentário. "Citzenfour", que conta a trajetória de Snowden, é principal concorrente. Quem vai levar o Oscar? Birdman ou Boyhood? Para os brasileiros, a grande disputa pela estatueta no próximo domingo (22/03) gera mais uma importante pergunta: Sebastião Salgado ou Edward Snowden? Dirigido pelo alemão Wim Wenders e por Juliano Ribeiro Salgado, O sal da Terra, filme que conta a trajetória do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, é o único título brasileiro que concorre ao Oscar em 2015. "O filme teve uma carreira muito bonita. Essa é a primeira vez que isso acontece comigo. Eu me sinto muito orgulhoso. Esse é um filme muito especial porque fala da minha família e tem uma mensagem forte para passar, falando do mundo de uma maneira muito realista", diz Juliano Salgado à DW Brasil. A categoria de melhor documentário é sempre uma grande incógnita na premiação, já que seus concorrentes tem um menor apelo comercial o que também reserva espaço para surpresas. A coprodução franco-brasileira disputa a estatueta com A fotografia oculta de Vivian Maier, de John Maloof e Charlie Siskel, Last days in Vietnam, de Rory Kennedy, Virunga, de Orlando Von Einsiedel, e Citzenfour, de Laura Poitras. Sucesso internacional O filme começou a tomar forma com a ideia comum de Juliano e Wenders de criar um filme que não fosse sobre as fotografias, mas sobre "a testemunha". "Uma pessoa que teve uma experiência única e aprendeu muito sobre o mundo e as pessoas", explica. A opulência visual do trabalho de Sebastião Salgado está presente em relatos em francês filmados por Wim Wenders e se completam de maneira tocante com as imagens feitas em momentos de intimidade por Juliano. Elas buscam o homem e o pai além do mito de um dos mais bem sucedidos fotógrafos do planeta. "Estamos em um momento muito pessimista na nossa história e não sabemos o que é uma utopia. Através do exemplo do Sebastião e da Lélia, meus pais, podemos aprender que é possível mudar as coisas em um nível local. Acho que essa consciência das pessoas pode ser o início de alguma coisa", diz Juliano. O sal da Terra teve sua estreia em Cannes em maio de 2014, onde ganhou o prêmio especial do júri da prestigiosa mostra Un Certain Regard. Desde então o filme participou de diversos festivais e foi indicado a importantes prêmios, como o francês César, o espanhol Goya e o da Associação Internacional de Documentário. "O filme passa uma energia muito forte. Ele é um motivador importante. Acho que é isso que está sendo premiado: essa energia. O Oscar é um grande holofote, e isso é ótimo porque muito mais gente vai ter contato com o filme", afirma o diretor. Forte concorrente No entanto, os sonhos do Brasil de conquistar a cobiçada estatueta podem parar em Edward Snowden. O filme de Laura Poitras sobre o delator do esquema de espionagem da NSA faz parte de uma polêmica trilogia sobre a América após o 11 de Setembro. A diretora radicada em Berlim filmou a história de Snowden de uma maneira intensa e urgente, indo fundo na intimidade do americano no momento em que ele mudou completamente sua vida e abriu novos parâmetros na discussão sobre privacidade e controle de informação. "Citzenfour é um filme importante que me tocou muito. É um tema que tem que ser divulgado", revela Juliano. Agora resta esperar se a conservadora Academia vai cair nas graças do subversivo e brilhante Citzenfour ou se render às múltiplas facetas de um brasileiro, cujo inspirador trabalho foi reconhecido em todo o mundo. Autor: Marco SanchezEdição: Rafael Plaisant
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