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Diretor latino-americano da OMC é "símbolo de mudança", diz candidato mexicano

16:46 | 26/04/2013

MEXICO, 26 Abr 2013 (AFP) - A próxima nomeação de um latino-americano para a direção geral da OMC simboliza a transformação e abertura da região, disse nesta sexta-feira à AFP o mexicano Herminio Blanco, o candidato que disputará o cargo com o brasileiro Roberto Azevêdo.

Nesta sexta-feira, 26, foi confirmado oficialmente que Blanco e Azevêdo estão na terceira e última rodada do processo de seleção do novo chefe da Organização Mundial de Comércio (OMC).

A organização que regula o comércio mundial passará a ser dirigida pela primeira

vez por um latino-americano e um representante de um país em desenvolvimento para um mandato completo de quatro anos.

"Esta eleição é um símbolo de mudança na América Latina, da mudança de um continente que era fechado, que olhava para trás e que agora tem muito interesse no futuro", disse Herminio Blanco, em uma entrevista telefônica com a AFP.

A América Latina "vê com interesse uma organização como a OMC, que deve ser, no futuro, de todo o mundo, mas, sobretudo, para os países em desenvolvimento, um elemento essencial para dar acesso aos mercados dos grandes países desenvolvidos", afirmou o ex-ministro mexicano de Comércio (1994-2000).

Blanco ou Azevêdo será nomeado diretor antes de 31 de maio, por consenso dos 159 Estados membros da organização, mas, segundo, informou um porta-voz do organismo nesta sexta-feira em Genebra - sede da OMC- a nomeação deve ocorrer no dia 7 ou 8 de maio.

Blanco se mostrou orgulhoso por ter passado pela segunda rodada diante dos três candidatos que tiveram que se retirar por falta de apoio: Tim Groser (Nova Zelândia), Mari Pangestu (Indonésia) e Taeho Bark (Coreia do Sul).

Eram "três ministros com uma destacada carreira política e conhecimento de comércio", disse o mexicano, de 62 anos.

Ele considera seu último rival no processo de seleção, o representante do Brasil na OMC, Roberto Azevêdo, como um "diplomata muito capaz, conhecedor do comércio e da organização", apesar de apontar que as políticas comerciais dos países competidores podem pesar na eleição final.

"Cada um dos países membros tomará sua decisão sobre México ou Brasil baseado em uma série de fatores. Certamente o país e as políticas do país significam algo sobre o candidato, além de sua experiência", disse.

Blanco foi um dos arquitetos do modelo comercial de abertura do México, o país com mais tratados comerciais com o Chile, um pouco diferente do Brasil, que prioriza a demanda interna e recebeu críticas por algumas medidas de defesa de sua indústria.

O mexicano se apresentou como o negociador mais experiente entre todos os candidatos. No começo dos anos 1990 foi o responsável pelas discussões sobre o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (TLCAN), o primeiro que os Estados Unidos assinaram com um país em desenvolvimento e que também incluiu o Canadá.

"Ofereço uma experiência prática em negociações como a do TLCAN, com a Europa e com pequenos países, além de ter sido ministro de um país de receita média, que vem utilizando o comércio como alavanca para o desenvolvimento", argumenta.

Blanco considera que a mudança de um diretor da OMC proveniente de um país desenvolvido (França) para um emergente, pode ajudar a desbloquear as negociações da Rodada Doha, que busca uma maior liberalização do comércio mundial.

"O instrumento mais importante do diretor para isso deve ser a confiança dos embaixadores dos países em Genebra. Deve-se construir um sentimento de equipe", explicou.

Sobre o processo de seleção, Blanco se mostra prudente ao comentar os apoios que recebeu.

"Ninguém sabe que apoios foram demonstrados (...) o que podemos dizer é que temos o apoio de todos os continentes, muito interessantes na África, Ásia e em nosso próprio continente. Também muito importante da Europa", explica.

Nesta sexta-feira, Blanco está em Porto Príncipe promovendo sua candidatura na V Cúpula da Associação de Estados do Caribe. Durante mais de 100 dias de

campanha, se reuniu com representantes de numerosos países.

Nesta sexta-feira, o governo mexicano cumprimentou Blanco por sua aprovação para a fase final e o chanceler José Antonio Meade o considerou "a melhor opção para dirigir a OMC".

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