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Combate à crise do euro dominou as atenções da União Europeia em 2012

08:43 | 28/12/2012
Guerra civil na Síria, conflito entre Israel e o Hamas, mudanças no Egito: nenhum desses temas ganhou a devida atenção dos líderes europeus. Em 2012, eles novamente centraram todas as forças no combate à crise do euro. Ainda no início de dezembro parecia que a União Europeia (UE) iniciaria o ano de 2013 mais dividida do que nunca. Mas um novo impulso foi perceptível durante o último encontro de cúpula deste ano, e o resultado é que a união monetária não está mais tão instável como no início do ano, apesar de ainda restarem muitos problemas para serem resolvidos. Mais uma vez, a crise da dívida foi o tema dominante no ano de 2012 e colocou em segundo plano outros tópicos internacionais, como a guerra civil na Síria, o acirramento do conflito no Oriente Médio e as transformações no Egito eventos esses que passaram quase despercebidos para a União Europeia. Mesmo questões "internas" importantes como a integração da Sérvia e de outros países que surgiram com o fim da Iugoslávia ficaram sem resposta, pois não sobraram atenção e força para lidar com esses temas. A própria chanceler federal alemã, Angela Merkel, disse no último encontro de cúpula que as negociações para a adesão da Sérvia "não estão maduras", e que a economia e a competitividade do país estão sendo estudadas minuciosamente. Em outras palavras: o ingresso de novos países na UE deve se submeter à prioridade central, que é a consolidação da união monetária. Clima de pessimismo Alguns sinais indicam que o auge da crise já passou. Olhando em retrospectiva, é possível afirmar que o pior momento foi alcançado no início do ano. Naquela época, o presidente da Comissão Europeia, João Manuel Durão Barroso, advertiu que ninguém deveria pensar que o projeto europeu e suas conquistas não poderiam ser revertidos. Já o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, viu na alta taxa de desemprego dos jovens europeus uma ameaça à democracia em toda a Europa. O clima era de pessimismo. Alguns previam para breve o fim da moeda comum. Saída da Grécia foi considerada A Grécia foi, mais uma vez, o principal destino das advertências, das reclamações e também das esperanças dos líderes europeus. O segundo programa de ajuda internacional já estava em andamento no país, investidores privados renunciaram a uma parte do dinheiro investido, mas os credores tiveram que esperar até o outono europeu para ver um pacote de reforma e de austeridade convincente ser implementado na Grécia. O comissário europeu para Assuntos Econômicos, Olli Rehn, chegou a declarar que, ao longo de uma década, os gregos viveram acima de suas possibilidades. Diversas vozes não só na Alemanha se ergueram para pedir a saída da Grécia da zona do euro. Em maio, a ministra das Finanças da Áustria, Maria Fekter, defendeu até mesmo a saída da Grécia da União Europeia. O país poderia, então, se candidatar novamente. "E aí nós iríamos examinar com atenção se a Grécia de fato estaria apta para aderir", declarou, numa alusão ao números retocados que permitiram o ingresso do país no bloco. Banco Central Europeu tranquiliza mercado O curso do processo de resgate do euro mudou radicalmente durante o verão europeu. De forma inesperada, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, anunciou a compra ilimitada, em caso de emergência, de títulos da dívida dos países do bloco, com o objetivo de baixar os juros exigidos pelo mercado. Alguns especialistas, como o presidente do Banco Central alemão, Jens Weidmann, discordam até hoje dessa medida, mas outros a veem como a salvação que a política não havia apresentado até então. Essa divisão era perceptível no encontro de cúpula de junho. O novo presidente francês, François Hollande, e o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, conseguiram impor que as medidas de austeridade anteriormente definidas fossem atenuadas. Como resultado, Merkel foi apresentada pela imprensa como a perdedora do encontro. O clima entre os países-membros era gelado. "Enquanto ficarmos discutindo se Merkel perdeu, se Hollande ou Monti ganharam, se o sul avança sobre o norte ou ao contrário, acredito que não estaremos num bom caminho para sair da crise europeia", declarou na época a eurodeputada Rebecca Harms, vice-presidente da bancada dos verdes no Parlamento Europeu. Todos no mesmo barco Nem mesmo o Prêmio Nobel da Paz concedido à União Europeia melhorou o clima. Ao contrário: em novembro, a situação piorou ainda mais, desta vez por causa da falta de acordo sobre o orçamento da União Europeia, sobre o pagamento da mais recente parcela de ajuda à Grécia e também sobre o curso do resgate do euro. Mas, ainda assim, a constatação de que todos estão no mesmo barco conseguiu se impor nestas últimas semanas do ano. Outro ponto de consenso e essa é a grande diferença em relação ao início do ano é que a zona do euro deve ser preservada a todo custo, nenhum país deve ser excluído do bloco, mesmo que para isso seja necessário transferir dinheiro dos países mais sólidos para os menos sólidos. Em contrapartida, os beneficiários da ajuda têm a obrigação de implementar reformas. Sem esse esforço comum não somente o euro estaria em perigo, mas também a Europa seria ultrapassada por outras regiões do mundo, alertou Merkel durante um discurso em Bruxelas. "Se nós simplesmente fecharmos os olhos, não poderemos assegurar o bem-estar futuro." Essa dependência mútua não agrada a todos. Há até mesmo fortes movimentos nacionais de oposição. Mas o sentimento de um destino comum europeu sai fortalecido de 2012. Autor: Christoph Hasselbach (fc) Revisão: Alexandre Schossler

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