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Atentados contra alauitas deixam vários mortos e feridos na Síria

"Pedimos a criação de uma comissão independente de juristas que possa investigar estes ataques", disse diretor do OSDH

16:50 | 11/12/2012

Atentados contra uma aldeia alauita, minoria do presidente Bashar al-Assad, deixou 125 vítimas, mortos e feridos, nesta terça-feira no centro da Síria, enquanto Washington incluiu os jihadistas da Frente Al-Nusra em sua lista de grupos terroristas.

"Não é possível no momento saber se os rebeldes estão por trás destes ataques, mas se for o caso, trata-se da maior operação de represálias por parte dos insurgentes" contra civis alauitas, declarou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH.

Ele indicou que os rebeldes tinham tomado na semana passada um posto do Exército nas imediações da aldeia de Aqrab, situada em uma região onde vivem populações de vários segmentos religiosos.

"Pedimos a criação de uma comissão independente de juristas que possa investigar estes ataques. Queremos uma Síria livre e democrática, e não uma Síria mergulhada no ódio confessional", disse ainda Abdel Rahman.

Localizada na província de Hama, perto de Houla, Aqrab foi cenário do massacre de 108 pessoas, incluindo 49 crianças e 34 mulheres, em 25 de maio.

A ONU havia indicado na época que tinha "fortes suspeitas" a respeito do envolvimento dos "shabbiba" (milicianos pró-regime), condenando o regime de Assad por esse massacre que desencadeou uma avalanche de condenações internacionais.

 

Sanções contra os jihadistas

No dia seguinte à tomada por parte da Al-Nusra de uma das últimas fortalezas do Exército no noroeste sírio, Washington adotou sanções contra o movimento, e contra as milícias pró-regime.

Os Estados Unidos incluíram a Frente Al-Nusra, originada, segundo o governo americano, a partir da Al-Qaeda no Iraque, em sua lista de organizações terroristas estrangeiras e congelaram os bens de dois de seus chefes, o iraquiano Maysar Ali Moussa Abdallah al-Joubouri e o sírio Anas Hassan Khatab.

Em vários fóruns jihadistas na internet, vários grupos já haviam felicitado a Al-Nusra por esta inclusãon.

A frente Al-Nusra, desconhecida antes da revolta síria, iniciada em março de 2011, está agora presente em quase todas as regiões de conflitos no país e reivindicou a maioria dos atentados suicidas em diversas regiões, inclusive em Damasco.

Ela tomou na segunda-feira a base Cheikh Souleimane, último grande posto das tropas do governo a oeste de Aleppo (norte), onde os rebeldes mantêm em seu poder uma ampla zona geográfica, após combates nos quais 36 soldados morreram, segundo o OSDH.

 

Meio milhão de refugiados

Terça-feira, ainda ao Norte do país, foram registrados combates violentos entre soldados e rebeldes perto de uma das mais importantes academias militares da Síria, onde vivem cerca de 3.000 soldados.

Em todo o país, a violência deixou pelo menos 68 mortos, de acordo com um registro provisório da OSDH, que possui uma rede de militantes e de médicos civis e militares. Em cerca de 21 meses de violência, mais de 42.000 pessoas já morreram.

Enquanto os combates e os bombardeios causam dezenas de mortes todos os dias, mais de 3.000 refugiados sírios deixam o país diariamente em direção a Turquia, Líbano, Jordânia ou Iraque, de acordo com o Acnur.

Nas últimas duas noites, cerca de mil refugiados chegaram à Jordânia "ensopados e cobertos de lama" por causa das fortes chuvas, declarou Melissa Fleming, porta-voz do HCR, que percebeu também um aumento considerável de crianças e idosos entre os refugiados.

Depois de vários alertas, com algumas autoridades afirmando até que o Exército sírio estava preparado para usar armas químicas, os Estados Unidos voltaram atrás e não acreditam mais no perigo iminente do uso de armas desse tipo pelo regime do presidente Bachar al-Assad.

O secretário americano de Defesa, Leon Panetta, afirmou que o governo sírio não havia se mobilizado indicando uma vontade de recorrer ao seu arsenal químico.

A França também afirmou que sabe onde são guardadas as armas químicas sírias e assegurou que elas estão atualmente sob o controle das forças do regime.

Em Damasco, o Al-Watan, jornal ligado ao regime de Damasco, acredita que a instalação de mísseis Patriot na Turquia é um prelúdio para uma "intervenção militar estrangeira", enquanto o governo de Paris diz não ter a intenção de intervir na Síria.

AFP

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