PUBLICIDADE
Notícias

Premiê russo diz que povo sírio deve decidir destino de Assad

09:17 | 26/11/2012
afp
afp

O povo sírio é quem deve decidir o destino do presidente sírio Bashar al-Assad, considerou o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, que condenou o apoio da França à Coalizão da Oposição síria como "totalmente inaceitável em relação ao direito internacional".

Em uma entrevista concedida à AFP e ao jornal Le Figaro por ocasião de sua visita a Paris nesta segunda-feira, Medvedev afirmou que "o desejo de modificar o regime de um terceiro país reconhecendo uma força política como única representante da soberania nacional não me parece algo civilizado".

"O povo sírio, incluindo estas forças (da oposição), é quem deve decidir o destino de Assad e de seu regime. Mas é conveniente que estas forças (da oposição) cheguem ao poder por vias legais, e não graças às entregas de armas por parte de terceiros países", acrescentou o primeiro-ministro.

"A Rússia não apoia nem o regime de Assad, nem a oposição. Nós temos uma posição neutra", afirmou Medvedev, destacando que a única solução era a abertura de negociações entre as partes em conflito e a organização de novas eleições.

Ao ser interrogado sobre a continuação das entregas de armas russas à Síria, Medvedev sustentou que "esta cooperação militar segue tendo um caráter legal" e destacou que não existe um embargo da ONU às entregas de armas à Síria.
"Tudo o que fornecemos são armas destinadas a se defender contra uma agressão externa", afirmou.

A decisão do governo francês de reconhecer a oposição como "o único representante do povo sírio" e de pedir o levantamento do embargo ao fornecimento de armas aos opositores do regime de Bashar al-Assad é "muito discutível", declarou Medvedev, que nesta segunda-feira à noite inicia uma visita de trabalho à França.

"Devo lembrar que, segundo os princípios do direito internacional aprovados pela ONU em 1970, nenhum governo, nenhum Estado, deve iniciar uma ação destinada a derrubar pela força o regime existente em um terceiro país", ressaltou o chefe de governo russo.

O presidente francês, François Hollande, que se reunirá com Medvedev durante sua visita, recebeu no dia 17 de novembro o presidente da nova Coalizão da oposição síria, Ahmad Moar al-Khatib.

O primeiro-ministro também expressou sua preocupação diante da crise na União Europeia, uma "séria ameaça" para a Rússia, destacou.

"Observamos nervosamente. Às vezes parece que falta aos nossos sócios europeus energia e vontade para tomar decisões. E também existe a interminável controvérsia sobre o que é melhor, consolidação fiscal ou desenvolvimento", disse Medvedev.

Medvedev indicou que os países da UE representam a metade dos intercâmbios comerciais russos. Além disso, a Rússia tem cerca de 41% de suas reservas de divisas em euros.

O primeiro-ministro russo ressaltou que seu país não tem a intenção de vender estes euros.

"Realmente desejamos que o euro siga existindo como moeda de reserva estável", explicou.

Medvedev, de 47 anos, também disse na entrevista que não descartava voltar a ocupar a presidência, depois de ter sido presidente entre 2008 e 2012, e afirmou estar satisfeito com seu trabalho com o atual chefe de Estado, Vladimir Putin.

"Se tenho força e saúde suficientes, se o povo confia em mim e no futuro deste trabalho, neste caso não descarto que as coisas ocorram assim", afirmou o primeiro-ministro russo.

Medvedev foi lançado à presidência em 2008 por Putin, que não podia atuar por mais de dois mandatos consecutivos. Esteve no Kremlin até 2012, com Putin como primeiro-ministro, que em 2012 foi eleito como presidente por seis anos, elegendo, por sua vez, Medvedev como primeiro-ministro.

 

AFP

TAGS