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Oposição admite fracasso da trégua na violência na Síria

12:04 | 27/10/2012
De acordo com ativistas, governo manteve ações com artilharia pesada e 150 pessoas morreram desde o início do feriado muçulmano do Eid al Adha. Exército diz que apenas responde às agressões dos "terroristas". Rebeldes sírios afirmaram neste sábado (27/10) que fracassou o acordo para uma trégua da violência no país durante os dias da celebração muçulmana do Eid al Adha. Confrontos violentos continuam acontecendo no país. Aviões bombardeiam cidades importantes e calcula-se que cerca de 150 pessoas tenham morrido desde a sexta-feira, quando o cessar-fogo deveria ter passado a valer. A suspensão dos ataques mútuos havia sido acertada entre o presidente Bashar al Assad e a oposição na última quinta-feira. Intermediado pelo enviado especial da ONU ao país, Lakhdar Brahimi, o acordo criou expectativas de que esta pudesse ser a primeira interrupção nos confrontos que ocorrem no país há 19 meses e que já mataram 35 mil pessoas. No entanto, este primeiro dia da celebração religiosa um dos mais importantes feriados sagrados do Islã foi marcado pela explosão de carros-bomba e por ataques. Artilharia pesada e morteiros puderam ser ouvidos pelo segundo dia consecutivo na fronteira com a Turquia, próximo à cidade síria de Haram, de acordo com testemunhas. Ativistas nas cidades de Aleppo e de Deir al Zor, periferia de Damasco, onde os rebeldes são maioria, relataram ataques a bomba em áreas residenciais na manhã deste sábado. "O Exército começou seus ataques mortais às sete da manhã. Contei 15 explosões em uma hora, e já temos dois civis mortos", contou Mohammed Doumany, ativista que vive no subúrbio de Douma, base de dezenas de rebeldes. "Não vejo diferença entre antes do cessar-fogo e agora." Reação contra "terroristas" Os militares sírios afirmam que estão respondendo aos ataques de insurgentes em áreas ocupadas pelo Exército nesta sexta-feira. Assim, eles estariam agindo de acordo com a condição colocada de interromper os ataques durante o feriado para reagir a ações dos rebeldes. Em um comunicado, o Comando-Geral das Forças Armadas detalha uma série de violações ao cessar-fogo implementadas pelos chamados "terroristas", que teriam atacado pontos de inspeção militar, além de uma patrulha policial em Aleppo. De acordo com o Observatóro Sírio para os Direitos Humanos, 146 pessoas foram mortas em confrontos nesta sexta-feira, incluindo 53 civis, 50 rebeldes e 43 integrantes das forças do regime sírio. Novo fracasso O apelo de Brahimi por um cessar-fogo havia recebido amplo apoio internacional, inclusive de países aliados do governo sírio, como Rússia, China e Irã. A guerra na Síria opõe principalmente rebeldes sunitas contra Assad, pertencente à minoria alauíta, uma ramificação dos islâmicos xiitas. Kofi Annan, antecessor de Brahimi no cargo de enviado especial, também havia tentado estabelecer um cessar-fogo no dia 12 de abril. Mas a proposta fracassou, assim como seu plano de paz com seis pontos, e os ataques inflamados continuaram. Feriado violento Não apenas na Síria o feriado de Eid al Adha está sendo marcado pela violência. Quinze pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas em explosões de carros-bomba e tiroteios no Iraque neste sábado, de acordo com autoridades médicas e de segurança. Duas explosões atingiram áreas xiitas em Bagdá e também um ônibus com peregrinos iranianos, na cidade de Taji, a 25 quilômetros da capital iraquiana. Cinco peregrinos morreram e 12 ficaram feridos. Na explosão de uma outra bomba, colocada próxima a um mercado a céu aberto, foram mortas sete pessoas, incluindo três crianças que brincavam em um parque. Insurgentes islâmicos sunitas e o grupo Al Qaeda no Iraque frequentemente atacam os xiitas e aumentam as tensões sectárias, as quais quase levaram o país a uma guerra civil entre 2006 e 2007. MS/ rtr/afp/dpa Revisão: Soraia Vilela

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