Irmandade elege líder e multidão protesta no Egito
Enquanto os islâmicos faziam sua eleição interna, pelo menos 10 mil pessoas tomaram as ruas do centro do Cairo, exigindo que a Irmandade Muçulmana peça desculpas pela violência da semana passada, quando egípcios laicos e seculares se manifestaram no centro da capital e foram agredidos por partidários do grupo. Pelo menos 100 pessoas ficaram feridas. Nesta sexta-feira, a manifestação acabou justamente na praça Tahrir, epicentro dos protestos contra Hosni Mubarak no final de 2010 e começo do ano passado. Os manifestantes pedem que o governo e o partido governista respeitem a Constituição, que representa todos os grupos da sociedade, incluídos seculares, cristãos e mulheres.
O partido foi criado pela Irmandade logo após a queda de Mubarak, que governou autoritariamente o Egito durante quase 30 anos, até fevereiro do ano passado. A Irmandade sofreu durante anos com a repressão de Mubarak. El-Katatny é considerado próximo à facção mais conservadora do grupo, liderada pelo financista Khairat el-Shater, o qual era a principal aposta da Irmandade para as eleições presidenciais, mas teve a candidatura desclassificada pela Justiça Eleitoral. Mesmo assim, o Partido da Justiça e Liberdade venceu as eleições com Morsi.
El-Erian é visto como mais liberal e aberto ao diálogo com os seculares. Mas a visão política entre os dois candidatos internos tem diferenças mínimas, segundo os críticos. "A Irmandade não tem mais duas alas, no momento ela tem apenas uma e ela é conservadora", disse Mohammed Osman, ex-partidário da Irmandade que rompeu com o grupo. "No final das contas, El-Erian e El-Katatny são a mesma coisa", disse Osman.
O partido, contudo, está sob fortes críticas dos seculares, liberais e cristãos coptas, que acusam a Irmandade e seu braço político de tentarem escrever uma Constituição islamita para o Egito.
As informações são da Associated Press.