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América do Sul e países árabes buscam novas relações comerciais em cúpula

17:15 | 01/10/2012
LIMA, 1 Out 2012 (AFP) -Chanceleres e empresários da América do Sul e do mundo árabe iniciaram nesta segunda-feira, 1, as deliberações da Cúpula ASPA, que tem por objetivo aproximar as duas culturas localizadas em polos opostos, para fomentar o diálogo político e melhorar suas relações comerciais.

O encontro interregional começou com um discurso do presidente peruano, Ollanta Humala, e do secretário geral da Liga Árabe, Nabil el-Araby, que deram as boas vindas a 400 empresários de ambos os blocos, em um encontro centrado na criação de oportunidades comuns de negócios.

"Apesar da crise econômica internacional, a América do Sul é a região mais dinâmica e emergente do mundo, com altas taxas de crescimento", disse Humala que destacou que o encontro reúne "duas regiões empreendedoras com grande potencial para melhorar o fluxo dos investimentos e as trocas comerciais".

Assuntos como os investimentos em infraestrutura, energia, manejo de recursos naturais e segurança alimentar são alguns dos temas que os empresários discutirão.

O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil el-Araby, destacou que as relações comerciais entre sul-americanos e árabes cresceram significativamente desde que estas cúpulas interregionais começaram em 2005, no Brasil.

"Avançamos de forma espetacular desde 2005: as trocas comerciais entre as duas regiões cresceram mais de 30 bilhões de dólares" até 2012, disse.

O Conselho de Ministros das Relações Exteriores da América do Sul-Países Árabes (ASPA) deliberava para deixar pronta a "Declaração de Lima", que os chefes de Estado e de Governo de ambas as regiões assinarão na terça-feira.

"É uma honra para o governo do Peru recebê-los nesta terceira cúpula destinada a consolidar a amizade, o entendimento e a aliança entre os países árabes e os da América do Sul", disse o chanceler peruano, Rafael Roncagliolo ao inaugurar a reunião com seus homólogos.

A Cúpula, protegida por um forte esquema de segurança, com mais de 10.000 policiais mobilizados em Lima, é realizada em um momento de efervescência política no mundo árabe por causa da guerra civil na Síria. Em 2011, a realização do encontro foi adiada por causa das revoltas na Tunísia e no Egito, no começo da "Primavera Árabe".

A guerra civil na Síria e a situação política no Paraguai, ausentes na cúpula por estarem suspensos em seus respectivos blocos, devem constar na declaração final da III Cúpula ASPA de chefes de Estado e de Governo que será encerrada na terça-feira.

"Uma das coisas que o Peru discutiu mais intensamente foram os temas do desarmamento e da resolução pacífica dos conflitos", disse o chanceler peruano.

A "Declaração de Lima" conterá aspectos de coordenação política, econômica e financeira, além de cooperação em educação, cultura e meio ambiente, antecipou.

Melhores trocas comerciais entre ambas as regiões aparecem como um dos aspectos de maior interesse para os países participantes, que alertam sobre a necessidade de buscar novos horizontes para a sua produção em meio à atual crise econômica global.

A Cúpula ASPA "constitui um mecanismo pioneiro e inovador de negociações e cooperação Sul-Sul entre as duas regiões", disse a chancelaria brasileira.

Segundo dados oficiais do governo brasileiro, a América do Sul e os países árabes possuem somados um PIB de 5,4 trilhões de dólares e uma população de 750 milhões de habitantes; o intercâmbio comercial entre ambas as regiões cresceu mais de 100% entre 2005 e 2011: nesse intervalo passou de 13,6 bilhões de dólares a 27,4 bilhões.

Segundo relatório divulgado em agosto pelo Sistema Econômico Latino-americano e do Caribe (SELA), atualmente "os países da América do Sul e Oriente Médio estão em melhor posição para aprovar uma rica agenda de colaboração onde ambos resultem beneficiados; mas a relação ainda é incompleta, pois falta incorporar a este diálogo permanente os países da América Central, Caribe e México, apesar de tais países não fazerem parte da ASPA".

As edições anteriores da cúpula da ASPA foram realizadas no Brasil em 2005 e em Doha em 2009.

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